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Morre Dito de Oxóssi, vocalista do Afoxé Ylê de Egbá

Publicado em: 15/12/2019 13:13 | Atualizado em: 15/12/2019 15:20

Foto: Marcelo Soares/Esp. para DP/D. A Press
Os afoxés de Pernambuco estão de luto. Morreu na manhã deste domingo (15), o babalorixá e vocalista do Afoxé Ylê de Egbá, Expedito Paula Neves, o Dito d' Ossòósi, vítima de uma parada cardiorrespiratória. O músico é conhecido mundialmente por difundir e valorizar a musicalidade negra. 

Ele estava internado desde o dia 26 de setembro na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Otávio de Freitas, no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife, onde se recuperava de uma pneumotórax (doença provocada pela ruptura de uma pequena área debilitada do pulmão). 

Dito era dono de uma das vozes mais marcantes da música negra pernambucana. O Afoxé que zelava, é um dos mais antigos do estado e realiza uma série de atividades sociais na comunidade do Alto José do Pinho, na Zona Norte do Recife. Foi justamente o trabalho dentro do grupo que o fez viajar para vários lugares do mundo, ministrando oficinas e realizando apresentações culturais.

O sepultamento será na tarde desta segunda-feira (16), no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife. O horário ainda não foi confirmado. Neste momento, a família está cuidando dos procedimentos. O músico, que completaria 58 anos na próxima terça (17), deixa esposa e cinco filhos. 
 

 
O presidente do Alafin Oyó, Fabiano Santos, lamentou a morte do músico.  "Dito foi o fundador do Ylê de África, o primeiro grupo de afoxé de Pernambuco. Fez também a composição da primeira direção religiosa do Alafin. Participou ativamente do Movimento Negro Unificado. É um dos caras que iniciou o movimento dos afoxés em Pernambuco e que deixa um legado grandioso para a nossa resistência. Sua história ficará marcada".
 
O representante do Movimento Movimento Negro Unificado, Demir da Hora, que também é coordenador do Projeto Terça-Negra - MNU, reforçou que Dito além de sacerdote, foi um grande pai para toda nação de afoxé. "É uma grande perda para o Movimento Negro e Afro pernambucano. Ele nos ensinou a ter orgulho da cor e da nossa condição. Ele levou o Afoxé de Pernambuco para os quatro cantos do mundo. Com sua voz marcante, vai deixar muita falta".
 
O cantor e percussionista Pinha Brasil, que tem uma história ligada aos movimentos das comunidades disse que Dito fez parte do início da sua carreira. "Eu tive grandes momentos de aprendizagens com ele. Foram poucos, mas foram únicos. Grande, artista, musico, pai, amigo,percussionista e mestre. Vai fazer muita falta para a cultura pernambucana. Meus sentimentos e minhas condolências para todos os amigos e a famíliares". 
 
 
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