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Com nova formação, Amigas do Brega evidencia instabilidade das bandas do gênero

Publicado em: 10/12/2019 13:43

Madonna Becker, Isa Falcão, Palas Pinho e Adrielle Matias, a nova formação das Amigas do Brega.  (Foto: Virgina Fotos/Divulgação)
Madonna Becker, Isa Falcão, Palas Pinho e Adrielle Matias, a nova formação das Amigas do Brega. (Foto: Virgina Fotos/Divulgação)

Ao revirar o histórico recente de grupos femininos da música pop, é comum observar que os projetos não duram muito tempo após a saída de uma integrante. Foi assim quando Geri Halliwell deixou as Spice Girls, fenômeno dos anos 1990, ou quando Camila Cabello saiu do Fifth Harmony, em 2017. A saída de Luciana desestabilizou o Rouge nos anos 2000, para citar um exemplo brasileiro. Mas no brega pernambucano, gênero popular local que bebe de tradições midiáticas anglófonas e latino-americanas, as coisas funcionam sob uma lógica particular. É possível encontrar grupos femininos que já tiveram inúmeras formações, mas continuam existindo. A Banda Sedutora, por exemplo, já teve mais de dez formações - seis delas foram montadas em oito meses.

É justamente por essa particularidade de “instabilidade” em formações que um caso recente chamou a atenção da internet, da mídia local e da própria cena musical bregueira: a dissolução das Amigas do Brega. O projeto se desmembrou em dois grupos distintos, que seguem na ativa no circuito de shows de Pernambuco e ainda despertam controvérsias nas redes sociais.

A banda Amigas do Brega nasceu no começo de 2018 sob idealização de Palas Pinho, vocalista da Banda Ovelha Negra. As outras integrantes eram Dayanne Henrique (ex- Frutos do Amor), Dany Myler (ex-Banda Lolyta) e Eliza Mell (ex-Brega.com) - esta última substituiu Isa Falcão, que era da banda Espartilho. O principal mote do projeto seria reunir sucessos dos anos 2000, mas que nunca abandonaram o imaginário pernambucano. Deu certo, mesmo competindo com o brega-funk, no auge do “passinho”. Dentro de alguns meses, lançaram um DVD que acumulou mais de 15 milhões de visualizações e eram nomes constantes nas principais casas de shows de música brega. O êxito tinha gestão da On Produções, do empresário Joaquim Oliveira.

Dayanne Henrique, Eliza Mell e Dany Miller, as Amigas. (Foto: Divulgação)
Dayanne Henrique, Eliza Mell e Dany Miller, as Amigas. (Foto: Divulgação)
A narrativa do sucesso logo deu lugar a desentendimentos. No final de novembro, Palas Pinho anunciou que as três integrantes estavam deixando o projeto para iniciar um outro, intitulado apenas Amigas. As remanescentes levavam junto toda a agenda de shows e conta nas redes sociais. “As meninas saíram porque tive um desentendimento com Joaquim Oliveira e Dany Myler”, resume Palas. Por ser dona da marca Amigas do Brega, ela decidiu montar uma nova formação, resgatando a mesma proposta de outrora. Convidou Adriele Matias, que fez sucesso na banda Boa Toda, Madonna Becker, que liderou vocais da Pank Brega, e Isa Falcão, da formação original.

O empresário agora é Jozart, nome tradicional do meio, que trabalha com Eduarda Alves e Banda Torpedo. “Ele entrou em contato comigo e se tornou um alicerce da continuidade do nosso projeto. São muitas vozes fortes no mercado do brega das antigas”, diz Palas, ao explicar como montou a nova formação. “As meninas foram citadas por mim e Rivan, meu marido e meu atual sócio. Tivemos que procurar quem estava disponível.”

A agenda da nova formação das Amigas do Brega para dezembro já conta com 13 shows, inclusive no Réveillon, demonstrando a aceitação desse mercado. “Tem espaço para todo mundo. É só você conquistar o público que o sucesso vem.” Procurado pela reportagem, o projeto Amigas preferiu não dar entrevista em razão do “desgaste” que as recentes mudanças causaram na imprensa. A banda também tem agenda extensa de shows e se prepara para um novo DVD. O grupo já começou a flertar mais com o brega-funk, no lançamento Dá dá dá, em parceria com MC Tróia.

CONTROVÉRSIAS
Madonna Becker,  Palas Pinho, Isa Falcão e Adrielle Matias. (Foto: Virgina Fotos/Divulgação)
Madonna Becker, Palas Pinho, Isa Falcão e Adrielle Matias. (Foto: Virgina Fotos/Divulgação)
"Existem poucas bandas que tenham sido ‘uma coisa só’ no brega, pois é comum que o grupo tenha uma figura de ‘dono’. Nesse caso, esse espaço foi reivindicado por Palas, o que ocasionou um atrito com o empresário e outras integrantes”, diz Pedro Alves, jornalista e mestrando em comunicação na UFPE, com uma dissertação que envolve controvérsias e disputas simbólicas na música brega do Recife. “Isso mostra também a informalidade de gestão brega. Por muito tempo, não existiam direitos autorais sólidos nesse meio, por exemplo. As Amigas do Brega caminharam para essa formalização nos cadastros de streaming. Mas essa ‘artesanalidade’ faz parte da tradição do gênero.”

Pedro ainda afirma que existe uma tendência, na música pop em geral, de usar controvérsias para alimentar um certo “ativismo de fãs” nas redes sociais. “É preciso que haja polêmica para que as coisas reverberem. As Amigas do Brega se beneficiaram disso, por exemplo, após uma troca de farpas entre a integrante Eliza Mell e a cantora Michelle Melo, também do brega. E agora acontece isso, mesmo que a proposta inicial tenha sido de ‘união de cantoras que poderiam estar esquecidas’. Não acredito que existam vencedores ou perdedores nessa história, mas ambos os lados podem usar estratégias de competição para continuidade de êxito”, finaliza.

Confira a agenda de shows das Amigas do Brega


Sexta (13)
00h - Escada 

Sábado (14)
 21hs - Lagoa do Carro
 00hs - Pressão Music
 04hs - Brasão Leninha Show 

20/12 
Print do Espetinho Camaragibe

21/12
Lounge Music
Forró do sítio Histórico de Igarassu

22/12 
Espaço Aberto 

24/12
Machados

28/12
Arco Verde
Pesqueira no Boteco Vip

31/12 
- Chã de Alegria 
- Recife no Reveillon da Várzea
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