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Auxiliares e técnicos de enfermagem do HGV paralisam atividades por conta de condições do prédio

Publicado em: 04/12/2019 09:17 | Atualizado em: 04/12/2019 14:20

 (Jaidete de Souza Lemos trabalha há 30 anos no HGV, e pede segurança para os funcionários. Foto: Ana Carolina Guerra/esp. DP)
Jaidete de Souza Lemos trabalha há 30 anos no HGV, e pede segurança para os funcionários. Foto: Ana Carolina Guerra/esp. DP
Auxiliares e técnicos de enfermagem do Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, no Recife, paralisaram as atividades, na manhã desta quarta-feira, por conta da situação estrutural da unidade. Algumas instalações já foram interditadas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE). Apesar de descartado o risco iminente de queda por parte do Crea, médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais estão em pânico. A categoria disse que só volta às atividades se a direção do hospital negociar novas condições de trabalho. O grupo fez o protesto na frente do hospital. O trânsito, que era interrompido momentaneamente, foi liberado por volta das 10h, para uma reunião dos manifestantes com a direção.
 
O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (COREN-PE) se reuniu na terça-feira (3) com a supervisora de Enfermagem, Mauricéia Dutra, e com a gerente de Enfermagem do bloco cirúrgico, Alessandra Giló, para atualização sobre os procedimentos realizados desde o dia da intervenção prévia do bloco G3. Na manhã desta quarta-feira (4), uma nova reunião foi feita com o Diretor Geral do HGV, Bartolomeu Nascimento, que informou que "até o momento, não foi constatada a origem do som ou alteração no espaço. O bloco apresenta problemas desde 2004, mas é monitorado permanentemente pela equipe de engenharia da Secretaria Estadual de Saúde, além de uma empresa de engenharia terceirizada, responsável por realizar a avaliação do prédio periodicamente". De acordo com Nascimento, o hospital aguarda um laudo técnico definitivo que está sendo elaborado por uma empresa especializada. O COREN informou que irá interditar eticamente o setor de Enfermagem do hospital.  

Francis Hebert, do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Satenpe), disse que a categoria está fazendo o movimento para evitar tragédias em virtude de um desabamento. "Estamos fazendo o movimento para salvaguardar vidas, seja a vida de nossos profissionais, seja da própria sociedade. Para você ter ideia, o bloco que está interditado parcialmente tem quinze pacientes e eles correndo risco iminente de morte. Então, o que a gente precisa é definição para esse bloco ser interditado por definitivo. Que não funcione da forma que está. A vida dos profissionais e pacientes está em jogo. O bloco todo sustentado e vai ruir", ressaltou.

Hebert disse, ainda, que a categoria vem monitorando a situação estrutural do HGV desde 2004. "Ele já foi escorado, apresentou rachaduras e recebeu obras paliativas. Na madrugada da quarta-feira, novas rahaduras e estrondos. De lá para cá, temos avisado ao Ministério Público, ao Cremepe, ao governo, mas ninguém tomou providência e nós, técnicos de enfermagem, queremos a interdição do bloco por total."

As duas promotorias de Saúde do Ministério Público de Pernambuco instauraram inquérito civil para coletar informações. Na última sexta-feira, foi interditado totalmente o Bloco G3 e o centro cirúrgico funciona de forma parcial apenas para emergências e urgências, após funcionários e pacientes ouvirem estalos e sentirem tremores na estrutura do prédio.
 
Uma técnica de enfermagem que não quis ser identificada relatou os transtornos que os funcionários enfrentam com a falta de segurança no local de trabalho. "Durante a noite escutamos o barulho dos tremores. É um barulho forte, parece que a estrutura está desabando. Frequentemente a Defesa Civil analisa os prédios e liberam para as atividades normalmente, é um absurdo. No laudo, eles informam que 'No momento [em que eles estão fazendo a análise] não há riscos de desabamento', mas a gente sabe que a qualquer momento o bloco pode cair".

Os blocos mais afetados são o G1, G2 E G3. De acordo com os funcionários, o prédio que apresenta maiores riscos à segurança é o G1, onde fucionam refeitório, laboratório, setor cirúrgico, ambulatório e sala de recuperação. Os pacientes dessas alas estão sendo relocados para outros setores do hospital.     

A Secretaria estadual de Saúde informou que "para minimizar os transtornos, está em planejamento um novo cronograma de cirurgias. Também está sendo feita a realocação do ambulatório para os outros consultórios em funcionamento. Todos os procedimentos desmarcados estão sendo devidamente reagendados pela direção da unidade."

Além do isolamento preventivo e provisório, novas análises estão sendo realizadas para averiguar a situação e dados devidos encaminhamentos, afirmou a SES. "Sobre o escoramento recomendado pela Defesa Civil, a SES já iniciou os trâmites de contratação da empresa e o trabalho será iniciado nos próximos dias. A Secretaria também está trabalhando em um estudo de intervenção para resolver definitivamente os problemas de acomodação estrutural do Bloco G da unidade". A secretaria afirmou ainda que os laudos apresentados até agora atestam a segurança da estrutura.

A auxiliar administrativa, Jaidete de Souza Lemos informou que o prédio já apresentou outros tremores. "Nós estamos reividicando para que, ao menos, o bloco cirúrgico seja interditado. O perigo está no bloco G1, onde comporta normalmente 80 pacientes. Isso é uma catástrofe anunciada, estamos sob tensão porque precisamos trabalhar e atender as pessoas que precisam. Eu trabalho aqui há 30 anos e só agora nós estamos recebendo atenção, mas queremos uma atitude, melhorias". 


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