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OBSERVATÓRIO ECONÔMICO

Um final de ano melhor?

Publicado em: 16/12/2019 10:06

Na última semana, o IBGE divulgou os dados das contas nacionais do terceiro semestre deste ano. Os números foram animadores com crescimento do PIB de 0,6% em relação ao segundo semestre deste ano e de 1,2% em comparação com o mesmo trimestre de 2018. Apesar de não serem fantásticos, já sinalizam que a tão esperada recuperação está em curso. 

Dentre os setores, a agropecuária foi o que mais cresceu, com crescimento de 1,3% em relação ao segundo trimestre deste ano e 2,1% em relação ao mesmo trimestre de 2018. Esse desempenho foi puxado principalmente por produtos como o milho e o algodão, que tiveram boas safras em relação ao mesmo período de 2018. 

Enquanto isso, a indústria cresceu 0,8% e o setor de serviços 0,4% em relação ao segundo trimestre deste ano, e ambos crescerem 1% em relação ao mesmo trimestre de 2018. Na indústria, destaca-se a construção civil com crescimento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2018, após vinte trimestres de queda sistemática. A indústria extrativa (particularmente óleo e gás) também teve um bom desempenho em comparação à 2018, com crescimento de 4%. 

Pela ótica da despesa, o investimento cresceu 2,0% em relação ao segundo semestre e 2,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O consumo das famílias, que responde por 65% do PIB, cresceu 0,8% em relação ao segundo trimestre e 1,9% em relação ao mesmo período de 2018. A recente liberação dos recursos do FGTS, a melhora na renda das famílias e o aumento nas concessões de crédito para pessoa física estão por trás deste desempenho do consumo e podem ainda ajudar nos números do último trimestre deste ano. 

Um dado interessante é que essa recuperação ocorre num contexto onde os gastos públicos vêm apresentando queda. A queda foi de 0,4% em relação ao segundo trimestre e de 1,4% em relação ao mesmo período de 2018. No acumulado do ano, enquanto o PIB cresceu 1%, o consumo do governo caiu 0,7%.  Para uma economia viciada em gastos públicos, parece que estamos encontrando caminhos alternativos para voltar a crescer. 
Todos esses números têm levado a uma revisão nas expectativas para 2019. Muitos já apostam em um crescimento do PIB em torno de 1%. É pouco, mas para uma economia que vinha patinando para voltar a crescer isso já gera um certo alívio.  
A inflação dá sinais de estar sob controle e deve fechar o ano dentro da meta e a taxa de desemprego, apesar de ainda alta, parece estar cedendo. Como o último trimestre sempre apresenta uma redução no desemprego, puxada pelo comércio em particular, o final de ano dos brasileiros deve ser um pouco melhor do que no passado recente.
E 2020? Bem, as expectativas são de que o PIB cresça em torno de 2,5%. Com a aprovação da reforma da previdência e com a tributária em curso, o ambiente de negócios deve melhorar e ajudar na recuperação. Porém, a guerra comercial entre China e Estados Unidos, a expectativa de arrefecimento na economia americana, e as turbulências econômicas e políticas em nossos vizinhos latino-americanos podem gerar entraves no próximo ano.  



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