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OBSERVATÓRIO ECONÔMICO

Juros e retomada

Publicado em: 08/10/2019 11:12

Os números ainda apontam para uma retomada lenta da atividade econômica. As previsões para 2019 é de crescimento de 0,87% no PIB, de acordo com o último boletim Focus. Com o recuo da taxa de desemprego e inflação sob controle, a redução da Selic promovida pelo Copom, em sua última reunião, de 6% para 5,5%, deve contribuir na retomada. E mais, a liberação do FGTS e do PIS-Pasep devem dar um fôlego, ainda que pequeno, para a economia neste último trimestre.

Os cenários para a inflação seguem em baixa com previsão de 3,43% para 2019 e 3,79% para 2020. Na avaliação do Copom, o nível elevado de capacidade ociosa ainda pode gerar surpresas para baixo na inflação. Por outro lado, incertezas com relação à continuidade das reformas e do ajuste fiscal podem gerar efeitos perversos. Tem-se ainda o cenário externo, ainda favorável, com políticas expansionistas nos países desenvolvidos, o que aumenta a liquidez nos mercados internacionais. Mas isso pode mudar. A atividade econômica segue em recuperação, os números do PIB devem apresentar crescimento pequeno no terceiro trimestre e isso com retomada do emprego. Os últimos números da Pnad Contínua apontam para uma redução, ainda que pequena, na taxa de desocupação. Atingia 12,3% da força de trabalho no período de referência anterior (março a maio) e alcançou 11,8% no trimestre (junho a agosto). Comparado ao mesmo período de 2018, a redução foi de 0,3 p.p. Hoje alcança 12,6 milhões de pessoas. O lado positivo é que os dados do Caged D apontam para a criação de mais de 590 mil novos postos de trabalho no acumu-

Ponta-chave

Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (COPOM) confirmou as expectativas e reduziu a taxa de juros mais uma vez.lado do ano até agosto. A liberação dos saques do FGTS e do PIS-Pasep, associad a à s t r a d i c i o n a i s compras do final de ano, devem estimular o setor de servi- ços e isso deve contribuir para um maior crescimento no último trimestre deste ano com melhora no emprego. O quadro fiscal segue sob pressão. As previsões do Focus apontam para déficit primário de 1,4% do PIB e uma dívida pública perto dos 80% do PIB. E essa razão deve continuar crescendo nos próximos anos. Só a partir de 2023 é que essa razão deve começar a cair. Comparando com os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), temos a maior razão dívida-PIB. Some-se o fato de a maior parte de nossa dívida ter maturidade curta (dívida vincendo em até 5 anos é de 73%), isto torna a administração da dívida pública um trabalho hercúleo. Isso me faz concluir que sugestões para flexibilizar a Regra do Teto (EC 95) são fora de hora. Nosso cenário atual com juros menores e redução dos prêmios de risco se deve a maior previsibilidade fiscal proporcionada pela EC 95. O desafio de alavancar o crescimento passa por aumentar a nossa produtividade com ganhos de eficiência e melhora no ambiente de negócios. É possível fazer isso, sem gastar mais. Menos burocracia e maior eficiência são a chave.

* PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA UFPE.
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