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OBSERVATÓRIO ECONÔMICO O desastre venezuelano

Por: Marcelo Eduardo Alves da Silva

Publicado em: 28/01/2019 08:00 Atualizado em:

A crise venezuelana já é dos maiores desastres econômicos e humanitários de nossa história recente. É um exemplo de que erros de política econômica e a sede pelo poder podem levar um país à ruína. Triste é saber que ainda existem os que defendem a ditadura de Maduro.

A crise na Venezuela ganha a cada dia novos capítulos, embora com enredo semelhante e onde quem mais sofre é sua população, que está a mercê de um governo ditatorial. Tempos atrás escrevi sobre isso e destaquei as raízes do problema: erros de política econômica, populismo e um grupo político que em sua sede pelo poder, destrói o que resta da democracia, da economia e da sociedade venezuelanas. 

A esperança é que o reconhecimento do governo interino de Juan Guaidó, líder da assembleia nacional, ganhe mais adeptos entre os países relevantes e que a maior pressão internacional consiga abrir espaço para a volta da democracia na Venezuela. O povo venezuelano espera por isso. É fato que não sabemos o que ocorrerá em seguida, afinal o país está em sérias dificuldades, mas a solução passa pela volta da democracia com eleições livres e justas.

A crise humanitária é evidente. Convivendo com a falta de alimentos, remédios e outros itens de necessidade básica, e sem perspectiva de melhoras muitos venezuelanos têm buscado refúgio em outros países.  Desde o início da crise, a estimativa é que mais de 3 milhões de venezuelanos tenham deixado o país. Aproximadamente metade desses refugiados escolheu como destino a Colômbia e o Peru, países que escolheram caminhos completamente distintos da Venezuela na economia e na política.  Enquanto Colômbia e Peru implementaram reformas liberais e alcançaram a estabilidade macroeconômica e com isso estão entre os que mais cresceram nos últimos anos na América Latina, a Venezuela convive com hiperinflação e estagnação econômica. 

Para se ter uma ideia do desastre, estimativas do Fundo Monetário Internacional apontam que a inflação tenha sido de 2,5 milhões por cento em 2018 e que baterá a casa dos 10 milhões por cento ao ano em 2019. Já o Produto Interno Bruto do país (valor em termos reais dos bens e serviços produzidos no país), que já vinha apresentando quedas consecutivas desde 2014, quando a crise se instalou mais profundamente, fechou 2018 com queda de 18%. Sem falar que o PIB já havia caído 14% em 2017 em comparação com 2016, ano em que o PIB fechou em queda de 16,5%.

Desde Chávez, o governo decidiu intervir nos mais diferentes setores da economia, iniciou uma verdadeira cruzada contra empresas privadas, interferiu no sistema de preços, no câmbio, fez políticas equivocadas de desapropriação de terras, etc. Todas essas ações reduziram a produtividade, afugentaram as empresas e destruíram parte da estrutura econômica da Venezuela. Vejo com bons olhos a recente iniciativa do Brasil e de outras democracias em se colocar ao lado da razão e condenar a ditadura de Maduro e apoiar o governo interino. É lamentável a posição de lideranças brasileiras que, por pura ideologia ou não sei o quê, defendem o governo usurpador à despeito das atrocidades cometidas e do desastre humanitário do país vizinho. Esse é mais um triste episódio na história da esquerda brasileira.  



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