
Respeitado especialista em finanças do esporte, o jornalista Rodrigo Capelo informou na tarde desta sexta-feira que o Santa Cruz será excluído do Programa de Modernização da Gestão e Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut). De acordo com Capelo, a Autoridade Pública de Governança do Futebol (Apfut), responsável por fiscalizar, regular e disciplinar as condições para manutenção das entidades esportivas junto ao programa do Governo Federal, identificou que "o clube pernambucano não cumpriu os critérios exigidos". O Santa Cruz nega a exclusão, mas afirmou em nota que "caso a informação noticiada proceda, o Departamento Jurídico do clube irá tomar todas as medidas cabíveis na esfera administrativa ou judicial para se manter no Profut".
[SAIBAMAIS]A reportagem do Superesportes entrou em contato com o Ministério do Esporte a fim de confirmar a informação, o que acabou não se concretizando. De acordo com o assessor da presidência da Apfut, Felipe Arantes, na última segunda-feira houve, de fato, uma reunião da plenária da entidade para tratar do balanço administrativo do programa. "Tivemos nossa reunião e todas decisões vão ser comunicadas na semana que vem. Sobre a exclusão do Santa Cruz, a gente não está sabendo de nada", afirmou.
Arantes, porém, esclareceu que todas as informações sobre o balanço da entidade serão repassadas à imprensa apenas na semana que vem. "Até aqui, não fizemos nenhuma confirmação para nenhum clube", disse. Questionado se o Santa Cruz poderia ser um dos notificados, resumiu-se a dizer que "poderia, como qualquer outro clube que é ligado ao programa".
Através de nota oficial, o Santa Cruz se mostrou atento ao caso. "Em primeiro lugar, o clube não recebeu nenhuma comunicação oficial da Apfut sobre qualquer procedimento de exclusão do clube no Profut. Em segundo lugar, que a Apfut havia instaurado processo administrativo (no último mês de setembro) contra o Santa Cruz em face de diversas exigências oriundas da Lei do Profut, tendo o Santa Cruz respondido e protocolado defesa contra possíveis sanções de exclusão do Profut. Inclusive, informando todos os requisitos que estavam sendo cumpridos e o que estariam sendo cumpridos em prazos futuros", detalhou o comunicado.
Se por ventura for mesmo excluído do Profut, isso significaria que o Santa Cruz teria cobrada de uma vez suas dívidas integrais com o governo, sem os descontos que foram dados em multas pelo Governo Federal. De acordo com Capelo, "os clubes que aderiram ao Profut não podem ter prejuízos superiores a 10% das receitas do ano anterior, por exemplo. O Santa Cruz teve R$ 4,6 milhões de déficit em 2017, equivalentes a 12% sobre os R$ 36,9 milhões arrecadados em 2016. Quebrou a regra e precisava se defender".
O balanço financeiro do Tricolor deverá apresentar este ano terá uma receita bem inferior a de 2017, que foi de R$ 15.848.541 - que por sua vez já foi 57% menor que a de 2016. No balanço relativo ao ano passado, o último revelado pelo Tricolor, ainda na gestão do presidente Alírio Moraes, o Santa Cruz atestou um passivo de R$ 65.917.841. Aumento de 5% em relação ao ano anterior.
Sobre o Profut
No mesmo ano em que o governo da presidenta Dilma Rousseff sancionou uma lei criando o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, que ficou popularmente conhecido como Profut, o Santa Cruz aderiu a ele. A ideia era renegociar as dívidas tributárias com o governo, além de criar dispositivos legais que garantissem uma gestão profissional e responsável dos clubes. Então com passivo superior a R$ 62 milhões, o Tricolor buscou entrar no financiamento, ciente de que a lei incluía punições para aqueles que continuassem a desrespeitar acordos financeiros. Era uma espécie de Lei de Responsabilidade Fiscal para os clubes. O programa não inclui punição esportiva, como rebaixamento, por exemplo.
"Desde 2015 o Santa Cruz vem pagando todos os parcelamentos que tem com o Profut através dos recursos da TIMEMANIA, tendo neste período abatido mais de R$ 10 milhões de reais em débitos e está próximo de conseguir a tão almejada regularização fiscal", ressaltou o Santa Cruz.
Últimas receitas operacionais do Santa Cruz
2011 – R$ 17.185.073
2012 – R$ 13.133.535 (-23%)
2013 – R$ 16.955.711 (%2b29%)
2014 – R$ 16.504.362 (-2%)
2015 – R$ 15.110.061 (-8%)
2016 – R$ 36.854.071 ( 143%)
2017 – R$ 15.848.541 (-57%)
Passivo
2011 – R$ 69.775.333
2012 – R$ 71.536.863 ( 2%)
2013 – R$ 71.377.478 (-0,2%)
2014 – R$ 72.727.047 ( 1%)
2015 – R$ 77.728.805 ( 6%)
2016 – R$ 62.604.879 (-19%)
2017 – R$ 65.917.841 ( 5%)
Superávit/déficit
2011 ( 1.443.869)
2012 (-692.408)
2013 ( 453.996)
2014 (-1.766.461)
2015 (-3.388.522)
2016 (-3.861.281)
2017 (-4.605.091)