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Uma imersão no mundo de Alceu Valença

Exposição "Alceu Valença, Uma Geografia Visceral Nordestina" foi inaugurada ontem, na Casa Estação da Luz, em Olinda, trazendo todo imaginário do cantor


O pernambucano tem uma gama de artistas que o marcam. Luiz Gonzaga com a dançante e junina “Numa Sala de Reboco”, aquela do Dominguinhos e Anastácia que se clama “Só Quero um Xodó” e também a tal da “Morena Tropicana” de Alceu Valença. Por falar na figura mais ilustre de São Bento do Una, que atire a primeira pedra quem nunca passou na praia de Boa Viagem e cantou “La Belle de Jour” ou nunca cantarolou “(...) Tu vens... tu vens... eu já escuto os teus sinais” quando o final de semana está próximo. Para saudar esse pernambucano, foi inaugurada ontem, em Olinda, a exposição “Alceu Valença, Uma Geografia Visceral Nordestina”.

Para o homenageado, a mostra ainda é uma surpresa. “Há, inclusive, reproduções da casa da Fazenda Riachão e do cine Rex, onde cantei pela primeira vez, ainda na infância, em São Bento do Una”, conta ele em conversa exclusiva com o blog Giro.

Com mais de 200 objetos, entre fotografias e vídeos históricos, peças do acervo pessoal e obras de arte, a exposição estará aberta para visitas na Casa Estação da Luz, local que o cantor, inclusive, é patrono. Os visitantes vão se deparar com a trajetória, poética, musicalidade e as questões que a obra de Alceu Valença provoca para a construção de um imaginário tradicional e contemporâneo do Nordeste.

“O título desta exposição traz a geografia, mas não como mero recurso retórico, para celebrar a obra de Alceu e os seus mais de cinquenta anos de carreira. A começar pelo Nordeste que é, antes de tudo, uma direção geográfica, mas aqui se insere como uma consciência íntima da sua produção artística", explica no texto de apresentação o sergipano Rafael Antonio Todeschini, que nos últimos dois anos esteve à frente da equipe de pesquisa e assina a curadoria da exposição.

Yanê Valença, sócia-gestora da Casa Estação da Luz e esposa do cantor, afirma que ele jamais sentiu vergonha de ser autêntico, criando músicas que enaltecem seu sotaque e sempre reverenciando Pernambuco. "Sua obra reflete e interpreta o imaginário coletivo genuinamente brasileiro. Como ele afirma em uma entrevista: ‘Eu tenho uma missão, que é inflar a alma brasileira, a alma nordestina. Porque num país que está ficando cada vez mais colonizado, sou a favor total da cultura brasileira. Nós somos o máximo. O Brasil é o máximo’. Acredito que essa seja 'a missão' da exposição", ressalta. 

Na mostra, os visitantes poderão ver a tela de Sérgio Lemos que inspirou a composição de "Tropicana". Além de assistir imagens inéditas do show apresentado por Jackson do Pandeiro e Alceu juntos no Projeto Pixinguinha, quando eles cruzaram o Brasil durante o ano de 1978. “Tudo o que Rafael Todeschini faz é de extremo bom gosto, e tenho certeza de que a exposição estará belíssima. Espero todo mundo lá”, convida o “Bicho Maluco Beleza”.

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