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Maciel Salú lança álbum com referências à cultura afro-indígena brasileira

Título do disco é uma homenagem ao orixá de Maciel

“No meu trabalho de palco, trago a rabeca, um instrumento de origem árabe, que é popularizada no cavalo marinho; trago o bombinho, que está no caboclinho, que está no coco; trago também a alfaia, que está no maracatu de baque virado, no coco; o ilú, que está  no terreiro de candomblé, no terreiro de jurema e outros, que junto com bateria, guitarra, baixo e, numa delas, teclado. Tudo isso vou vivenciando. A gente pode ir experienciando a novidade, mas sem perder a minha identidade, a origem do meu trabalho”, pontua o artista.

A canção que abre este novo projeto é Os Caboclos no Terreiro, cujos versosevidenciam a vivência de Maciel Salú com o Maracatu Rural, apresentando uma sonoridade e uma levada mais próxima do afrobeat. A faixa apresenta uma reflexão sobre a valorização não só dos mestres e mestras, como também dos outros folgazões, considerando todo o cenário das sambadas de maracatu no interior do Estado de Pernambuco.

E sobre a influência da cultura popular em sua vida, Maciel afirma: “A cultura popular é minha vida, não sei viver sem ela, é ela que me dá inspiração para tudo o que sou hoje. Escuto também outras culturas, mas maracatu rural, ciranda, cavalo marinho, coco, a cultura dos Povos Originários, além de música caribenha – gosto muito de Ibrahim Ferrer e Bob Marley – música africana, frevo e forró, gosto muito de escutar”.

Maciel Salú tem um repertório extenso, marcado por melodias ancestrais e nordestinas

Dono de um timbre grave e voz única, Maciel Salú é chamado por alguns de voz do trovão. Sua identidade vocal se assemelha à sonoridade que imprime com sua rabeca, instrumento que escolheu para dedicar grande aprendizado e aprimoramento técnico. Na construção de seus acordes, Maciel Salú traz referências do rebab árabe e norte-africano. E, em Ogum, suas diversas influências pincelam todas as faixas, assim como sua rabeca segue tendo bastante destaque e estando presente na maioria das canções do novo álbum.

Maciel Salú lidera o Movimento Azougue, que vem ganhando destaque com o projeto homônimo criado e coordenado por Maciel Salú desde 2016, no qual evidencia a cultura popular como base de uma cena artística que merece ter o reconhecimento devido. O Azougue reflete uma musicalidade e um fluxo diferente do que vivenciamos com o Manguebeat. No movimento da década de 1990, artistas da capital foram em busca das referências da cultura popular da Zona da Mata Norte de Pernambuco. O Azougue, no entanto, é o movimento dos artistas com raízes na Mata Norte que vão aos centros urbanos e, com suas criações artísticas, renovam a música pop pernambucana e brasileira.

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