Ao longo de três meses, os jornalistas Catarina Lucrécia, Daniela Nader e Márcio Markman percorreram quase três mil quilômetros entre o mar e o Sertão para encontrar grandes nomes da arte popular. O resultado da viagem é o livro Feira de Sonhos: Artesanato pernambucano – volume 2, com a história de 15 mestres e mestras que transformam couro, fibra, barro e madeira em peças únicas. Nas 224 páginas da publicação, que integra o catálogo da Cepe Editora, os autores desbravam o universo social, cultural e de resistência dos artesãos. Também mostram a importância da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) para dar visibilidade à obra dos artistas e abrir caminhos no mundo dos negócios e do empreendedorismo. O livro será lançado pela Cepe, em 8 de julho próximo, às 18h, na Fenearte.
O percurso dos autores para compor o mapa do segundo volume de Feira de Sonhos passa pelas obras em barro dos mestres Mano de Baé (Tracunhaém), Nada (Olinda), Nena (Cabo de Santo Agostinho) e Luiz Antônio (Caruaru). Hoje, aos 87 anos, Luiz Antônio, criador de peças como O Fusca, A máquina de fazer telhas e O Eletricista, espalhadas mundo afora, é um dos discípulos de Mestre Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963), de quem recebeu o apoio para vender suas peças na Feira de Caruaru e ouviu uma frase que nunca esqueceu e norteia sua caminhada de artesão: “A arte é para todos”. No livro, Catarina, Daniela e Márcio apontam nesta direção, ampliando a lista dos mestres e mestras com os cordéis e xilogravuras do Mestre J. Borges (Bezerros) e os trabalhos em fibras, casos da Mestra Chiquinha (Salgueiro) e das tapeceiras do Timbi (Camaragibe).
A ligação dos mestres e mestras retratados no livro com a Fenearte é estreita. Em alguns casos, ela ocorre desde a primeira edição da feira, realizada no ano 2000. Nesta lista entram J. Borges e as tapeceiras de Camaragibe, por exemplo. Outros mestres e mestras começaram a expor e a vender os trabalhos bem depois, como Mano de Baé, que levou as suas primeiras peças para a Fenearte em 2014. Nesse ano, foram 14 peças. Em 2019, quando pensava em colocar o seu próprio estande, foi comunicado que, a partir daquele ano, seria um mestre e teria lugar próprio. Desde então, não leva menos de 200 peças para o evento. “A Fenearte me projetou muito. Não tem como não ser. Sabe aquela história de que aqui a magia acontece? Pronto. É a Fenearte”, reconhece Mano.
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