Passando por uma baixa considerável nas vendas e ficando para trás no segmento de calçados esportivos, a Nike do começo dos anos 1980 decidiu incumbir Sonny Vaccaro (Matt Damon), autointitulado caça-talentos, de encontrar os atletas perfeitos para assinar contrato com a empresa e representá-la no ramo do basquete. O executivo, que estava já há algum tempo desacreditado pelos colegas do trabalho, arriscadamente insistiu para que todo o capital disponível fosse investido em apenas uma pessoa: o então jovem Michael Jordan.
Ainda que Air seja visualmente enfadonho demais para uma campanha publicitária, seus códigos de caracterização – ao exemplo na forma como os escritórios dos concorrentes parecem paredões impessoais – não o deixam mentir. A mitificação do atleta sem a face revelada e o aspecto bagunçado da sede da Nike, assim, não conseguem esconder que o grande conflito do filme é se uma empresa multimilionária vai ou não conseguir lançar um novo grande sucesso – e, sabidamente, não existe tensão genuína quando todos já sabem o final do trajeto. O endeusamento de um produto pode não ser encarado como problema a depender de cada visão de mundo, mas a tentativa de desviar a atenção disso com uma dramatização oca é um pepino que nem a sagacidade de Vaccaro conseguiria resolver.
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