Diario de Pernambuco
Busca

LUTO

Morre o maestro Letieres Leite, aos 61 anos

Publicado em: 27/10/2021 17:41 | Atualizado em: 27/10/2021 18:24

Leiteres tinha asma crônica e teve complicações por conta da covid-19 (TV Brasil/Divulgação)
Leiteres tinha asma crônica e teve complicações por conta da covid-19 (TV Brasil/Divulgação)
Maestro, compositor, arranjador, saxofonista, flautista, percussionista, produtor, professor, o baiano Letieres Leite , morto nesta quarta (27), aos 61 anos, atuou em todas as frentes da música.

Tanto que sua morte súbita, em decorrência da COVID-19, segundo o jornal “A Tarde” – ele sofria de asma crônica e seu quadro foi afetado com a doença – foi lamentada por um número igualmente grande e diverso de profissionais do meio.

Foi o músico que acompanhou Ivete Sangalo por 12 anos: “Meu amigo genial. Só aprendi coisas maravilhosas com você”. Foi o produtor e arranjador que trabalhou nos mais recentes álbuns, incluindo “Noturno”, lançado em julho. Foi também quem orquestrou a canção “Pardo”, de “Meu coco”, novo álbum de Caetano Veloso (que revelou que foi ainda Letieres quem ensinou seu filho Zeca a surfar). Foi ainda quem fez Ed Motta chorar – ontem, sob o impacto da notícia, o músico disse, durante live, que “nós precisamos honrar esse cara”.
 
 
Mas a música de Letieres foi muito além de sua atuação ao lado de nomes célebres. Além de sua atuação individual ele, desde 2006, esteve à frente da Orkestra Rumpilezz , com quem lançou dois álbuns.. A formação (19 músicos mais o maestro), que passou por diferentes formações, é uma orquestra de afrojazz
 
A palavra “rumpilezz” já explica muito: ela junta o nome dos três principais atabaques do candomblé (ru, o tom grave; rumpi, o médio; e lé, o agudo) mais os dois zes do jazz.

A orquestra acabou gerando um projeto social, também em Salvador. Rumpilezzinho é um laboratório musical que ensinar a música de matriz afro-baiana e jovens de 15 a 25 anos. O método foi criado pelo próprio Letieres que lançou, em 2017, um livro sobre ele. Para um músico que atuou em tantas e diversas frentes, Letieres teve um início de carreira incomum.
 
Tinha 13 anos quando expôs, na Biblioteca Central de Salvador, pinturas e gravuras. Também já tocava – foi integrante da orquestra afro-brasileira do Colégio Severino Vieira – mas ao entrar na faculdade, escolheu artes plásticas na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Ainda que tenha sido o “universo percussivo baiano” o norte de sua música, foi no Sul do país que viveu na juventude. Morou em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde fundou bandas e atuou ao lado de músicos como Nei Lisboa, Renato Borghetti e Antônio Villeroy. Foi para a Europa nos anos 1980. 
 
Em Viena, Áustria, estudou no Conservatório Franz Schubert. Tocou com muitos grandes do jazz como Paulo Moura, Hermeto Pascoal, Raul de Souza . Depois de uma década fora do país, retornou à Bahia, onde passou a dividir sua agenda entre aulas de música, shows e gravações de vários artistas.
 
Com uma relação próxima com a música (e os músicos) de Belo Horizonte, Letieres presidiu, em julho, o júri do 20º Prêmio BDMG Instrumenta l. Entre os quatro vencedores está o contrabaixista belo-horizontino Pedro Gomes, que encantou o mestre baiano. Um dos prêmios do concurso é a produção de um show no CCBB. O de Gomes será em 10 de novembro. Letieres já havia confirmado o convite para participar da apresentação. 
 
 
 

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL