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Site recifense de crítica literária celebra 10 anos estimulando a produção editorial


A paixão e a loucura pela literatura foram levadas bem a sério pelo escritor e jornalista pernambucano Ney Anderson, há exatamente 10 anos, quando decidiu lançar o site Angústia Criadora, inteiramente destinado à análise, crítica e divulgação de escritos brasileiros. No ar desde 2011, a página já analisou centenas de livros, realizou entrevistas e oficinas literárias. Para marcar a data, o site está publicando entrevistas com autores de todo o país ao longo do mês de maio e nesta segunda-feira (10) lança um artigo sobre esses dez anos de percurso. Ney também receberá convidados especiais em uma live às 19h para refletir sobre o ofício da escrita, no Instagram do Angústia Criadora (@angustiacriadora). Para entrar na página, acesse o link.

“Sem o amor, a loucura e uma pitada de teimosia pelos livros seria impossível começar. Claro que eu não imaginaria chegar tão longe. Mas na verdade, eu nunca pensei em datas e na longevidade. Fui apenas seguindo, tropeçando, aprendendo a me levantar, enriquecendo o meu percurso a cada dia e conquistando o meu espaço”, celebra Ney Anderson. Ao longo da trajetória do jornalista, já foram centenas de obras analisadas e compartilhadas com o público através do Angústia.

As resenhas sobre os livros de ficção brasileira contemporânea marcam a história da página, que se firmou como um dos principais meios de divulgação de obras literárias no país. Nesta edição comemorativa, a página dá mais vazão às entrevistas, que serão publicadas diariamente durante todo o mês de maio, reunindo revelações sobre os sentimentos, as sensações na hora de escrever, as influências de outros autores e do mundo externo na criação das próprias histórias, além dos impulsos criativos e qual é a angústia criadora deles.

Entre os convidados, estão Raimundo Carrero, Marcelino Freire, Urariano Motta, Jefferson Tenório, Antônio Torres, José Castello, Patrícia Melo, Adrienne Myrtes, Cícero Belmar, Paulo Caldas e Rosângela Vieira Rocha. Aline Bei, Carla Madeira, Carla Bessa, Natalia Timerman, Cleyton Cabral, estão entre os representantes da geração de prosadores.

De acordo com o escritor, o critério para a escolha dos convidados foi buscar quem está movimentando a literatura contemporânea. Tanto escritores consagrados quanto jovens autores da novíssima geração. “O que estou publicando é um recorte muito interessante da ficção brasileira atual”, define.

O site é editado pelo jornalista pernambucano Ney Anderson

Ney conta que o processo de construção das entrevistas foi orgânico e trouxe resultados interessantes do ponto de vista literário. “Eu convidei dezenas de escritores de todo o país para responderam questionários variados com perguntas sobre literatura, processo criativo, a importância da escrita ficcional para o mundo e para a vida. Produzi três grandes entrevistas e enviei para cada grupo de escritores entrevistas diferentes. Algumas perguntas se repetem, porque eu queria saber a opinião deles sobre os mesmos assuntos. Principalmente qual a angústia criadora de cada um deles. A minha surpresa foi receber respostas tão variadas e totalmente diferentes. Nenhuma, exatamente nenhuma, se assemelha com a de outro autor”, declara.

Em um cenário de desvalorização da literatura e crescentes crises no mercado editorial, Anderson entende que manter o Angústia Criadora é um importante papel social de incentivo à leitura. “Mas não só isso. É muito emblemático pensar que o Angústia Criadora comemora 10 anos no meio de uma pandemia, onde as artes estão servindo como conforto. E no mesmo momento também que a desvalorização dos livros é parte de um projeto nefasto que tem por objetivo afastar as pessoas dos conteúdos que os ajudem a pensar criticamente”, pontua.

De acordo com o escritor, o que o faz seguir é saber da noção exata do seu papel enquanto ponte que conecta livros e pessoas, tornando-as livres de alguma forma. “O livro já foi queimado, censurado, fonte de pecado, subjugado como algo sem valor, porque ele representa a liberdade. E isso é algo perigoso para quem prega o contrário”, frisa o jornalista, que também é autor do livro de contos O espetáculo da ausência.

Para Ney, produzir conteúdo, seja ele para internet ou não, requer originalidade para se manter relevante. “Eu sempre me preocupei em ler com calma, anotando ideias no momento da leitura, para produzir textos que servissem como extensão do trabalho do autor, consequentemente despertando o interesse dos leitores em determinada obra. Eu costumo dizer que as minhas resenhas partem do princípio de não querer ser maior do que a ficção do autor. O livro é o protagonista da história toda”, defende.

O escritor destaca, ainda, a importância do cenário literário continuar sendo movimentado de forma virtual por mais autores brasileiros. “O meio digital é incrível. Por conta dele, há espaço para todo mundo. E o público busca conteúdo de qualidade”, observa.

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