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O diabo de cada dia, lançamento da Netflix, narra gerações conectadas pela violência


A trama do filme começa a ser contada a partir de um universo de pais e filhos. Willard Russell (Bill Skarsgård) volta traumatizado para a cidade depois da Segunda Guerra Mundial. Junto com seu filho Arvin, o homem que deposita todas suas fichas na fé cristã - assim como a maioria da cidade - vê sua esposa Charlotte (Haley Bennett) adoecer e falecer por conta de um câncer. Willard molda a experiência de luto de Arvin de uma maneira que conduz a personalidade dele a partir de uma dureza e um entendimento de vida através do sacrifício. Pouco depois o filme já nos apresenta Arvin (Tom Holland) mais velho, vivendo na cidade e cuidando de sua irmã, Lenora (Eliza Scanlen), que teve sua mãe (Mia Wasikowska) assassinada por um pastor (Harry Melling).


Mas a ambientação desse universo não traz nada de novo no filme, muito menos soa original. Mesmo que seja um universo muito fascinante se formos pensar esse modelo de sociedade como um forma de mito fundador da América, de liberdade, religião, família e branquitude. Tudo isso que hoje se manifesta com força em um país armamentista, com movimentos supremacistas brancos e antivacina - uma parte do país com uma força opaca das instituições e que poucos anos atrás voltou a decidir o rumo das coisas. É justamente essa a política dos personagens do filme, essas pessoas ordinárias, que não têm ideia do tamanho de suas ações brutais, que acontece a todo tempo com tamanha indiferença.

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