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'Mexe tanto comigo a ponto de sair um disco', diz Adriana Calcanhotto sobre pandemia

Publicado em: 29/05/2020 09:22 | Atualizado em: 29/05/2020 11:48

O disco foi produzido durante a quarentena. (Foto: Divulgação)
O disco foi produzido durante a quarentena. (Foto: Divulgação)
 

 

Ao fim do semestre letivo na universidade de Coimbra, onde a cantora brasileira Adriana Calcanhotto leciona na Faculdade de Letras, foi o momento da cantora entrar em turnê para promover o disco Margem. Entre Brasil, Estados Unidos e Europa, o carnaval e em seguida a pandemia que já se anunciava, fizeram a cantora se questionar sobre o futuro dela volta para Portugal. %u201CA partir de não ir para Coimbra, fica claro como não sei quando vou, como a universidade não sabe se reabre ou como não sabemos se haverá mundo%u201D. 

 

Sem necessariamente crer em %u201Clado positivo%u201D da quarentena, ainda assim resolveu permanecer em casa e produzir. O resultado foi o disco SÓ canções da quarentena, entre crônicas e reflexões do convívio da artista durante uma crise epidêmica e política no país. Não só uma referência política das panelas que embalam o fim de o O que temos, mas também pelo fato de que todas as faixas do disco terão sua arrecadação direcionada a instituições, ONGs e alguns coletivos de arte. %u201CA motivação era: preciso fazer pelas coisas pras pessoas, fazer coisas pelos outros. Preciso dar o que tenho que dar, e o que eu posso fazer são as canções%u201D, ela explica. E dentro desse universo vemos um pluralidade: da influência do funk, inclusive com a parceria de Dennis DJ na faixa Bunda Lê Lê, passando pelo samba, até uma homenagem a certa tradição poética do Rio Mondega que corta a cidade de Coimbra. Em entrevista ao Viver, a cantora conta parte de seu processo com o disco, que está disponível a partir dessa sexta-feira (29) em várias plataformas de streaming.

 

Entrevista // Adriana Calcanhotto, cantora


 

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
 



Você descreve esse disco como urgente. É o primeiro trabalho que você classifica assim? 

Nada disso existiria, ou pelo menos dessa maneira, se não fosse o plano de fundo. Eu acordava e fazia uma canção nova diariamente, sequer ficava trabalhando a canção do dia anterior. E isso é uma urgência. Foi uma necessidade de colocar em prática mesmo.

 

Como um retrato geral do período que a gente está vivendo, o álbum tem seus lampejos, muito criativos inclusive, também da situação política, como o som das panelas em %u201CO que temos%u201D. Qual a sua leitura do momento que a gente vive?

O curioso é que eu não ouço nada daqui de casa, moro no meio da mata, então não vejo as manifestações nem ouço o barulho das panelas. Esse panelaço gravado na faixa é do dia da demissão do Mandetta, foi um amigo que gravou. Vivemos um momento difícil, bastante conturbado, que mexe tanto comigo a ponto de sair um disco. 

 

Outra coisa muito forte é influência do funk no disco. 

Eu gosto muito do funk, acho a batida incrível. Desde quando gravei %u201CFico assim sem você%u201D, em 2004, eu venho tocando essa batida no violão. Acho importante explorar a polirritmia. 

 

Você diz que ouve tudo como samba. Isso é uma forma de %u201Cler a música%u201D? 

De certa forma, sim. Tudo o que eu ouço vira samba na minha cabeça e, para mim, o funk e o samba estão muito juntos. 

 

Não sabemos como as coisas estarão no futuro, mas se fosse possível, faria sentido para você apresentar o disco ao vivo? Ou ele faz parte de um recorte da quarentena?

Não sei ainda, mas acho que vou tentar fazer uma turnê para fazer show em casa. No dia da live do Sesc, eu finalizei com a sensação de ter feito mesmo um show. A apresentação foi assistida como um show, do início ao fim, e me dá um gás para fazer isso em casa. É um formato novo e desafiador a se pensar. 

 

Ouça o disco completo: 

 


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