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Com show surpresa de Gretchen, Marco Zero exaltou poder feminino no sábado

Publicado em: 23/02/2020 03:17

Gretchen, Elza Soares e Nena Queiroga com Michelle Melo. (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)
Gretchen, Elza Soares e Nena Queiroga com Michelle Melo. (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)

As mulheres foram protagonistas do sábado de Zé Pereira (22) do Marco Zero, principal palco do carnaval do Recife. A programação começou com o projeto pernambucano Dita Curva, formado por artistas do estado. Nega Queiroga, por sua vez, convidou um time feminino e empoderado ao palco. Elza Soares, ícone da música brasileira, deu um tom de grandiosidade particular ao evento, mesmo com um problema técnico que ocasionou um atraso de 30 minutos em seu show. A paraense Gaby Amarantos foi a atração que mais colocou o público para pular, mesclando seus tecnobregas com sucessos do verão de 2020 e clássicos do carnaval de Pernambuco. Gretchen, que neste ano gravou uma campanha da Prefeitura do Recife contra o assédio no carnaval, surpreendeu com uma aparição bem-humorada.

Em geral, a noite no Bairro do Recife foi tranquila. Era possível circular por várias localidades próximas ao palco. Isso geralmente ocorre por conta do grande público que vai ao Galo da Madrugada, destaque do sábado na cidade. A programação musical do Marco Zero começou por volta das 21h, com a apresentação do Dita Curva, composto por Aishá Lourenço, Aninha Martins, Flaira Ferro, Isaar, Isadora Melo, Laís de Assis, Luna Vitrolira, Paula Bujes, Sofia Freire e Ylana Queiroga. O projeto tem sido realizado desde 2018, quando foi idealizado por Flaira Ferro. No palco, elas deram vida a uma ousada travessia entre música eletrônica e sons tradicionais, realizando cantorias em grupo, solos, duetos e quartetos e declamação de poemas.

Nena Queiroga e convidadas.  (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)
Nena Queiroga e convidadas. (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)
Em seguida, Nena Queiroga iniciou o seu espetáculo acompanhada pela Orquestra 100% Mulher. Figurinha carimbada no carnaval do Recife, tendo sido homenageada pela Prefeitura do Recife em 2018, a cantora convidou mulheres de diferentes gêneros musicais para o palco. Michelle Melo representou o brega recifense e ainda cantou uma versão de Baby doll com ares de frevo. Aurinha do Coco representou a cultura popular de Olinda. Bia Marinho trouxe sua poética do Sertão do Pajeú. O Coral Edgard Moraes encantou o público com a magia dos blocos líricos. Gabi do Carmo e Gabi da Pele Preta completaram o espetáculo.

Quando Elza Soares ainda estava no começo de sua apresentação, um problema com o gerador principal interrompeu o show. Antes disso, Elza disse que o “som não estava bom”. As cortinas foram fechadas, assim permanecendo por meia hora. Quando voltou, Soares cantou músicas do álbum Planeta fome (2019). "Esse país sem memória, esse povo sofrido que sonha com um lugar melhor para viver. É necessário aprender a votar. Eu amo o povo de Pernambuco e do Recife", disse a cantora de 89 anos, antes de cantar o clássico A carne

Elza Soares e banda. (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)
Elza Soares e banda. (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)

Em um momento, o público começou a entoar gritos de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro. “Não adianta mandar o cara tomar 'aqui ou ali'. O negócio é ir para a rua. Resolvemos isso nas ruas”, disse, sob aplausos. Assim, começou a cantar Não tá mais de graça, uma "atualização" de A carne. "A carne mais barata do mercado não tá mais de graça / O que não valia nada agora vale uma tonelada". Ela seguiu com Maria da Vila Matilde, Mulher do fim do mundo, entre outras.

Após o show de Elza, Gretchen fez uma surpresa aos foliões pernambucanos com uma apresentação que agregou cinco músicas, acompanhadas pelo saxofonista Esdras de Souza. No repertório, clássicos como Conga, conga, conga e Freak le boom boom, além de sucessos do momento como Amor de que, de Pabllo Vittar. O clima de animação serviu também como preparação para Gaby Amarantos, dona do show mais animado da noite.

Gaby Amarantos.  (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)
Gaby Amarantos. (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)
Vestida com um figurino extravagante (que incluía símbolos da bandeira de Pernambuco), como pede a cartilha do tecnobrega, a paraense abriu o seu show com Xanalá, hino de empoderamento gravado em parceria com a pernambucana Duda Beat. “Respeite o brega-funk, que nasceu aqui na periferia do Recife”, disse, antes de cantar Chapuletei, de Shevchenko e Elloco. O brega-funk também apareceu em Sentadão, de Pedro Sampaio e Felipe Original, e Tudo ok, de Thiaguinho MT feat. Mila e JS O Mão de Ouro. "Mulher poderosa não se importa com seu ex", disse, repaginando a letra.

Gaby convidou ao palco o grupo Maracatu Nazareno, o primeiro de baque solto composto exclusivamente por mulheres. Com auxílio de pirotecnia, agitou o público com Maracatu atômico e Praieira, ambas de Chico Science e Nação Zumbi. A paraense seguir com Bixinho, de Duda Beat, a autoral Ex-my love, entre outras. Logo quando foi anunciada, muita gente nas redes sociais criticou a presença de Gaby na programação (ela faz show no Marco Zero anualmente desde 2014), mas a artista se esforçou para fazer um show que "valesse a pena" para os foliões pernambucanos.
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