música
Projeto que ensina percussão a estudantes surdos chega ao Recife
Por: Juliana Aguiar
Publicado em: 12/11/2019 16:40 | Atualizado em: 12/11/2019 16:45
Também está prevista uma apresentação dos Batuqueiros do Silêncio no Pátio de São Pedro, no bairro de Santo Antônio, às 15h do sábado, aberta ao público. A caravana oferecerá ainda o workshop Música Surda, desenvolvido especialmente para educadores no Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e uma atividade em Garanhuns, entre os dias 18 e 19. O projeto já esteve em Teresina, São Luís, Imperatriz-MA, Fortaleza, João Pessoa e, até o fim do ano, passará por Natal, Maceió, Aracaju e Salvador.
“O som dos bombos e obater de latas sempre me chamaram atenção e me envolveram desde criança. Ainda pequeno, comecei a perceber que meu vizinho surdo sempre ficava de fora. Asuamãe não o deixava participar, porque ele não acompanhava o ritmo dos demais meninos da idade. Por que ensinar música a quem não ouve?”, conta Batman, sobre suas maiores motivações. Ainda de acordo com ele, o filme O resto é silêncio (2015), de Mabel Lopes, foi o seu grande gatilho para analisar os sons.
Levado pela memória de infância e o gosto pela música, ele passou a idealizar projetos em prol dos deficientes auditivos. “Eu sempre me identifiquei com quem sofria exclusão e destinei meus trabalhos com pessoas em situação de vulnerabilidade social ou tratamento psiquiátrico, sempre usando a música”, explica. Atualmente, além do projeto itinerante, o Mestre Batman concentra, em São Paulo, as atividades do Instituto Som da Pele, entidade sem fins lucrativos fundada por ele, com a proposta de difundir música para a comunidade surda.
Para o educador, o primeiro passo para conectar com a música é senti-la na pele. Em seguida, vem a aula de teoria musical, quando os alunos conhecem os símbolos da notação musical moderna: colcheias, claves, mínimas, pausas… Além das duas etapas, percebeu que também é possível usar os olhos como condutores do ritmo. “A ideia é trabalhar a autoestima dos alunos e mostrar que a música pode fazer parte da cultura surda”, destaca.
A partir de um alfabeto musical formado por sinais visuais, Mestre Batman ensina as crianças e jovens surdos a identificar as figuras de tempo da música, que ele chama de metodologia MusiLibras. “Para o som acontecer, alguma coisa vibrou. Não é preciso ouvir para sentir a vibração que o tambor emite”, pontua. Além disso, o educador desenvolveu um metrônomo visual, instrumento que mede tempo e andamento musical a partir de quatro canais de cores.
A adaptação do som para o visual funciona com lâmpadas de cores - azul representa o som forte; e o verde, o som mais fraco - e tamanhos diferentes, possibilitando trabalhar a intensidade e duração do som. Para cada ritmo, há uma sequência. “No começo, eu usava só lâmpadas brancas e conseguia trabalhar o pulso musical, mas aí percebi que, se colocasse outras cores, abrangeria muito mais coisas. Então agora, com quatro canais, a gente trabalha a intensidade do som e também consegue coordenar a figura de tempo musical: o som preso e o som aberto”, explica.
O equipamento foi reconhecido como uma tecnologia assistiva na educação musical brasileira. Batman também é responsável pelo Batuqueiros do Silêncio, que já formou mais de 150 pessoas surdas e hoje atua com cerca de dez. O grupo já se apresentou por várias cidades do Brasil, com destaque para a Cerimônia de Encerramento das Paraolimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016. Eles se apresentam no sábado, no Pátio de São Pedro, a partir das 15h, dentro da programação da caravana.
SERVIÇO
Apresentação dos Batuqueiros do Silêncio na Caravana MusiLibras Quando: sábado, às 15h
Local: Pátio de São Pedro (Santo Antônio)
Quanto: gratuito
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