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Festival Macuca das Artes reúne música, cinema e artes plásticas no Agreste

Publicado em: 25/10/2019 16:02

Chico César. Foto: José de Holanda/Divulgação
A Fazenda da Macuca, em Correntes, Agreste pernambucano, abre as portas nesta sexta-feira (25) e sábado (26) para o Festival Macuca das Artes, reunindo música, cinema, artes plásticas e cultura popular, num evento que já foi apelidado de "Woodstock pernambucano" e não era realizado desde 2016 - a intenção é de que passe a ser anual. Para quem deseja viver a experiência completa, é possível acampar no sítio, que conta com piscina de água corrente, banheiros com opção de água quente e restaurante. Também é possível se hospedar em Garanhuns e se locomover por meio de transfer.

O festival também dedica espaço ao cinema de Pernambucode, com curadoria do ator Irandhir Santos. A Mostra Macuca das Artes Cinema exibirá, ao ar livre, os curtas Recife frio, de Kleber Mendonça Filho e Mens sana in corpore sano, de Juliano Dornelles, e o longa premiado Bacurau, dirigido pelos dois. Na programação musical estão Ave Sangria, Gabi da Pele Preta, Chico César, Luedji Luna, Arnaldo Antunes e o coletivo Reverbo, formado por Juliano Holanda, Flaira Ferro, Martins, Isabela Moraes, Marcello Rangel, Luiza Fitipaldi e Lucas Torres, além dos DJs 440 (Terça do Vinil) e Paulo Pezão. Na tarde de amanhã, o Cortejo do Boi da Macuca toma as ruas do povoado de Poços Compridos, acompanhado da Orquestra Maestro Oséas.

O paraibano Chico César, considerado um dos mais importantes músicos da cultura brasileira, se apresenta amanhã, em sua estreia no estado com o disco O amor é um ato revolucionário (2019), misturando ritmos nordestinos com referências do rock e pop ocidentais. “Sou do interior do Nordeste, mais precisamente do Sertão paraibano. Imagino que muito do meu olhar coincide com a perspectiva de muitas pessoas que estarão no festival. E quero ver o show do Ave Sangria que admiro desde adolescente. Hey, man!”, afirma Chico César.  

Entrevista - Chico César, cantor e compositor

O título do álbum O amor é um ato revolucionário sugere um tom meio pacifista, mas as canções trazem uma força influenciada pelo discurso que é, ao mesmo tempo, afro, pop e roqueiro. Como ele foi pensado?
A ideia é propor o ato revolucionário do amor com um discurso realmente carregado pelas influências afro, pop e rock. Como em Woodstock, Monterrey, Águas Claras ou Arembepe. Refiro-me aos festivais de rock do fim dos anos 1960 e começo dos 1970. E ao musical Hair, que deu origem ao filme homônimo. A proposta é ‘vamos defender nossa liberdade na porrada, pondo fogo em algumas agências bancárias, mas no caminho a gente se beija’. No cenário político atual, o disco diz muito de mim, do que vivencio nesse período. Uma vivência possível e bastante particular minha.

O vermelho é uma cor forte no novo álbum. Como foi escolhida a máscara que você usa na capa do disco e toda a identidade visual do disco?
A capa é do paraibano Daniel Vincent, o mesmo do disco anterior. Eu ia fazer shows de carnaval esse ano no Maranhão e na Paraíba. Não tinha nada preparado, nenhuma roupa especial, não tinha pensado em nenhum figurino. Nada. Um dia antes da viagem pra São Luís entrei numa loja da Rua Oscar Freire (São Paulo) e comprei essa máscara para não chegar de cara limpa. Também passei num brechó e comprei umas roupinhas. A máscara colou em mim, pois passado o carnaval logo quis usá-la num show de canções “de combate” chamado Antifa, em São Paulo. E quando fui fazer as fotos com José de Holanda quis levar a máscara, sem pensar muito. Eram fotos para divulgação, nem eram para a capa. Mas na sessão já vi que dali sairia uma capa. A máscara se impôs. Acho que é uma mistura de carnaval com black bloc, de bloco afro com máscara de festa de troca de casais. Essas coisas.

No disco, você apresenta parcerias com a cantora paraibana Agnes Nunes e a pernambucana Flaira Ferro. Como escolheu as duas e como vê a cena contemporânea?
Acho que sem as mulheres não vamos muito longe se quisermos transformar o mundo. Acho fundamental nos juntarmos. Sou daqui dessa região. As pessoas daqui vão dizer como imagino que será dito. Ou vão me surpreender como desejo ser surpreendido. Agnes eu conheci no Instagram de Baco Exu do Blues. Fiquei encantado. E Flaira eu sabia dela na dança e depois fomos nos aproximando através do Reverbo, projeto maravilhoso de novos compositores daqui de Pernambuco.

SERVIÇO
Festival Macuca das Artes
Quando: sexta-feira (25) e sábado (26)
Onde: Sítio da Macuca (Zona rural de Correntes, Agreste de Pernambuco)
Quanto: R$ 50 a R$ 150 (ingressos, acampamento e transfer partindo de Recife e Garanhuns)
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