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Exposição de artistas nordestinos explora a relação entre a pintura e o uso das cores

"É uma exposição sobre pintura, mas sem necessariamente usar pincel ou tinta", sintetiza o artista alagoano Delson Uchôa, sobre a exposição Pictoria, que divide com o pernambucano José Patrício na Galeria Amparo 60. Com diferentes materiais e expressões artísticas, o trabalho dos dois encontra unidade nas formas geométricas e nas cores derivadas da cultura popular do Nordeste. A mostra, com curadoria de Julya Vasconcelos, será inaugurada nesta quinta, às 19h, com coquetel para convidados. A visitação estará aberta ao público a partir desta sexta-feira e segue até o dia 13 de setembro. Essa é a primeira vez que os dois artistas expõem juntos.

O convite para os artistas dividirem a mostra veio da galerista Lúcia Costa Santos, que recebeu, na última década, trabalhos dos dois em sua galeria. "O que a gente sente é que existe uma conexão entre eles. São artistas da mesma geração que, apesar de utilizar suportes diferentes, trabalham com a explosão de cores. O meu olhar levou a pensá-los juntos, fortalecido pelas experiências individuais de cada um", conta Lúcia. 

"A identidade nordestina nos une. A geometria sensível e o cromatismo têm muito a ver com o local em que vivemos. E, a partir das pesquisas visuais e os experimentos não convencionais de criação, conseguimos identificar as afinidades entre os nossos trabalhos", conta José Patrício, que apresenta um trabalho cromático e analítico, permeado por formas geométricas matematicamente expostas e objetos coloridos selecionados por tonalidades. 

As formas geométricas de José Patrício. Foto: Tarciso Augusto/Divulgação

Isso vem dos dominós chineses que comprava em feirinhas de R$ 1,99. É como um ponto de chegada ou partida, uma obra que emoldura o vazio. A partir da coleção de botões, o artista fez surgir 22 tonalidades de cinza em uma das telas. A China também está presente na pesquisa de cores de Delson, que se dedica a um trabalho mais intuitivo e improvisado. "Encontrei o que procurava nas sombrinhas, cor poliéster chinesa e seus tons cítricos e fluorescentes", conta. 

Os estudos desaguaram na globalização. "Me dei conta de que a China poluiu o mundo, em larga escala, com produtos baratos. E o pigmento era o que eu precisava: extremamente perverso, fruto de um trabalho escravo. Então, tive a ideia de fazer com que esse conjunto de cores me revelasse a natureza da maneira mais exuberante ou estridente", revela Uchôa.

Os dípticos sobrepostos de Delson Uchôa. Foto: Tarciso Augusto/Divulgação

Na mostra Pictoria, serão expostas seis obras de cada artista, selecionadas pela curadora Julya Vasconcelos. "Escolhemos expor as obras dos dois artistas e começamos sem clareza do recorte, buscando encontrar o ponto dos diálogos que desaguou em uma investigação de uso de pigmentos não naturais, uma espécie de pintura estendida. O grande recorte foi o debate da expansão da pintura, desamarrada dos cânones e do pintor que segura os pincéis", relata Julya.

Para que as pessoas tenham uma experiência com as cores, as obras selecionadas migram por variados suportes, divididas em pinturas planas, pintura objeto, díptico sobreposto e fotografias, e possuem tons vibrantes.

SERVIÇO

Mostra Pictoria - Delson Uchoa e José Patrício

Visitação: de sexta a 13 de setembro

Horários: terça a sexta - 10h às 19h / sábados - 11h às 17h

Onde: Galeria Amparo 60 (Rua Artur Muniz, 82, Boa Viagem - Edf. Califórnia, 1º andar, salas 13/14)

 

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