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17ª Flip homenageia Euclides da Cunha e tem presença de pernambucanos

Publicado em: 10/07/2019 09:46 | Atualizado em: 10/07/2019 13:03

Foto de edição anterior da Flip. Foto: Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil
Quando escolheu Euclides da Cunha como homenageado da 17ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a curadora Fernanda Diamant pensou não só no caráter fundador de uma ideia de Brasil trazida pelo trabalho do autor, mas também na junção de lados opostos. Ela lembra que tanto a esquerda quanto a direita se apropriaram de Euclides e sua obra, o que permite sublimar ideologias quando se trata de Os sertões. É, portanto, com esse tom político espalhado por todas as 21 mesas propostas na programação que a Flip tem início nesta quarta-feira (8) com uma abertura tocada pela historiadora Walnice Nogueira Galvão e um espetáculo dirigido por Camila Mota, do Teatro Oficina.
 
Camila Mota apresenta uma montagem feita a partir da encenação de Os sertões, criada por José Celso Martinez Corrêa em 2000, enquanto a crítica literária Walnice Nogueira Galvão fica encarregada de dar uma aula sobre Euclides. Professora emérita da Universidade de São Paulo (USP) e autora de No calor da hora: a guerra de Canudos nos jornais, reeditado este ano pelo Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Euclidiana: ensaios sobre Euclides da Cunha, Walnice ensina que Os sertões ajuda a entender o Brasil. Foi, segundo ela, o primeiro livro a falar de genocídio no país e tem uma atualidade considerável.

“Fala do Brasil de agora”, garante a pesquisadora. Ela sugere uma leitura apaixonada do relato de Euclides, com disposição para se deixar levar pela linguagem. “Não é uma linguagem de todo dia, mas que corresponde a monstruosidade que ele está relatando. Ele não pode relatar um genocídio com linguagem qualquer. Na descrição dele, até a natureza está abalada pela monstruosidade. A terra está em revolução, as plantas também, tudo concorre para a grande tragédia”, analisa.

Pernambuco mais presente na festa
Pelo segundo ano consecutivo, a Cepe terá programação na casa literária Paratodxs. Além de No calor da hora, haverá lançamentos como Vácuos, do moçambicano Mbate Pedro, considerado uma das grandes revelações da nova poética africana. Finalista do Prêmio Ocenos em 2018, a obra é composta por sete longos versos que se desenvolvem ao longo de mais de 50 páginas, abordando temas como a morte, sonhos e amor. Na Flip, o lançamento contará com uma conversa sobre poesia moçambicana com a participação de Selma Caetano, curadora-coordenadora do Prêmio Oceanos.

A Cepe também fará uma sessão de autógrafos com a jornalista e tradutora carioca Stephanie Borges, vencedora da última edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura (Poesia), com a estreia Talvez precisemos de um nome para isso [ou o poema de quem parte]. As margens do paraíso, de Lima Trindade, e o infantil A coisa brutamontes, de Renata Penzani, também estão na programação.

Outro destaque é uma conversa sobre Viagem ao país do futuro: um roteiro literário pelo Brasil, projeto da Cepe em parceria com a Associação Oceanos Expressivos e o jornal português Público. Escrito pela jornalista lusa Isabel Lucas, o livro ficará pronto em 2020, com 12 reportagens que correlacionam clássicos brasileiros e lugares visitados pela autora no Brasil, como Os sertões (Euclides da Cunha), Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), Vidas secas (Graciliano Ramos) e Casa-grande & senzala (Gilberto Freyre).

O presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antonio Campos, apresentará nova edição do livro Diálogos no mundo contemporâneo, de 2011, durante a palestra Um olhar sobre o contemporâneo na era da hipermodernidade. O jornalista e diretor pernambucano Jefferson Sousa falará sobre seu documentário, Leonardo Bastião, O poeta analfabeto, em programação do jornal O Globo. Raull Santiago e Safira Moreira também participam dessa mesa.

Na programação do Sesc na Flip, o jornalista e crítico musical pernambucano José Teles lança o livro digital Da lama ao caos: que som é esse que vem de Pernambuco?, que resgata a história da criação do clássico na Nação Zumbi. Na ocasião, será realizado um debate com Lauro Lisboa Garcia, organizador da coleção Discos da Música Brasileira. O grupo Carmin é um dos destaques da programação teatral com o espetáculo A invenção do Nordeste. Entre as atrações musicais, Chico César, Cátia de França, Dandara Manoela e Orquestra Mundana.
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