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Álbum de estreia do pernambucano Carlos Ferrera é 'música para dançar pensando'

Daquilo que o Coração Come aposta num cruzamento arrojado da MPB com black music gringa e beats eletrônicos

Carlos Ferrera escreve poesias desde pequeno e iniciou estudos vocais no Conservatório Pernambucano aos 17 anos. Foto: Júlio Morais/Divulgação

A direção artística é do próprio Ferrera, com direção musical de Guilherme Assis, conhecido por participar dos últimos álbuns de pernambucanos como Barro, Dirimbó, Mariana Aydar e Julia Konrad. A produção é independente, realizada com incentivo do Funcultura e gravações nos estúdios Zelo, Mr. House e Gusdel. As colaborações especiais são de Jam da Silva, Júlio Morais e Barro, que esteve ao lado do intérprete desde os primórdios. 

Capa de Daquilo que o Coração Come. Foto: Júlio Morais/Divulgação

“Como tenho a vivência do Conservatório e participações como backing vocal em estúdio e shows ao vivo, carrego bagagem maior da MPB. O que trago desse gênero são as letras, pois sou bem melódico e dou valor às interpretações. Os meninos trouxeram essa carga do eletrônico, que na verdade eu chamaria de eletroacústico”, explica. “Para mim, essa característica do eletrônico foi o principal desafio. Eu era acostumado a entrar na sala de ensaio e ter todos músicos presentes. Com esse álbum, passei a lidar com outro tipo de convivência musical, que não é orgânica, e isso muda tudo.”

As composições, embora tenham temáticas variadas, são costuradas por um tom reflexivo. Carlos discute sobre amor, fé e sociedade, mas evitando ser explícito e apostando nas entrelinhas. Negro, ele afirma levantar a bandeira da causa, mas não assume caráter panfletário. Prefere apostar nesse poder que a poesia tem de alcançar o senso das pessoas através da subjetividade. “Ser artista independente é assumir um caminho pessoal. É dizer quem é, encontrando os seus verdadeiros elos e parcerias, e não se deixando levar por opiniões taxativas. Independência, para mim, é ser coerente, livre, resistente e agregador.”

A canção Dendeia (composição de Barro e Márcio Oliveira) é uma das que servem para sintetizar a personalidade sonora e temática do disco. Tem um pé na cultura popular, sobretudo no refrão de cunho afro e regional, mas sem negar os sintetizadores que costuram o álbum. A faixa-título passeia pela MPB, com instrumentação arrojada e vocais (incluindo os de apoio) que remetem à black music feita no país.

Imagem da contracapa. Foto: Júlio Morais/Divulgação

Por também ter experiência como dançarino (já integrou o grupo Experimental, Compassos - Cia de Dança e Grial), Carlos leva toda essa bagagem para o palco. “Carrego essa carga de dramaticidade ligada ao corpo, indo do meu comportamento até as posições dos dançarinos. Tenho essa performance bem teatral mesmo. Sou um cara dramático (risos)”, afirma.

Ouça o single O Que Me Faz Bem:

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