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Sustentabilidade e saúde são o foco da autora de Bela Gil em quinto livro

Em 'Bela Cozinha: da raiz à flor', a chef ensina a evitar o desperdício e a aproveitar quase 100% dos alimentos

Foto: Divulgação/ GNT

O desperdício na cozinha é reflexo de um outro comportamento, mais amplo e que diz respeito ao consumo de forma geral. “A gente está muito focado em padrões de consumo relacionados à estética, à beleza. O desperdício também acontece, muitas vezes, porque o alimento não está perfeito”, diz Bela. No livro, ela lista 37 receitas nas quais talos, flores, sementes, cascas e folhas são os protagonistas e explica como o uso desses elementos pode baratear a alimentação.

Além do livro, Bela investe em várias ações para divulgar a alimentação saudável. Com o Instituto Socioambiental (ISA), ela trabalhou com merendeiras do alto Xingu para implementar a farinha de babaçu na merenda escolar. Uma parceria com a Sociedade Mariana Brasileira ajudou a criar receitas vegetarianas para escolas públicas em São Paulo. “Hoje, mais de 2 milhões de crianças estão comendo de forma saudável nas escolas”, conta.

Há um ano sem gravar, Bela começou a trabalhar na próxima temporada do Bela cozinha. Depois de trocar Nova York pelo Rio de Janeiro, ela decidiu investir em estudar e fez um mestrado na Faculdade Slow Food, na Itália, em comida, cultura e mobilidade. Com o curso concluído, ela vai retornar à bancada do programa, mas ainda não revela como será o formato da nova temporada. “Ainda está muito no começo”, diz.

DUAS PERGUNTAS / Bela Gil
A dificuldade em aceitar o aproveitamento de restos é um reflexo da maneira como consumimos de maneira geral?
 
A gente está muito focado em padrões de consumo relacionados à estética, à beleza. O desperdício também acontece, muitas vezes, porque o alimento não está perfeito, a maçã não está redonda ou o tomate lisinho e os alimentos são vistos como imperfeitos e não dentro do padrão. A gente precisa mudar o nosso olhar sobre o que é beleza e padrão de consumo. Acho que tem esse padrão da beleza que acaba dificultando aceitar. É um reflexo da nossa cultura, a mulher tem que nascer dentro de uma forma X pra ser aceita, e isso está errado.

Tem muito preconceito?
 
Tem preconceito, mas a mudança tem que ser estrutural, a gente tem que mudar em todos os setores, por isso educação alimentar é tão importante, fazer a criança entender de onde vem a comida, que tem vários padrões. Porque mudar a cabeça de alguém que tá com a cabeça feita é mais difícil. Temos que ensinar as crianças.

Bela Cozinha – Da raiz à flor: um novo olhar sobre os ingredientes do dia a dia
De Bela Gil. Globo Livros, 136 páginas. R$ 59,90

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