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Humorista paraibano Lucas Veloso, filho de Shaolin, dubla personagem de animação norte-americana

Foto: Mandy Oliver/Esp.DP Foto.

O filme conta a história de uma jovem sonhadora chamada June, que encontra um parque de diversões escondido dentro de uma floresta com animais falantes. Apesar de sua amplitude, o espaço é bastante desorganizado e confuso. Com o tempo, a menina acaba descobrindo que o parque veio de sua imaginação e que apenas ela pode tornar o local “mágico novamente”. Na animação, o sotaque paraibano de Lucas Veloso dá voz ao castor Gus, que é amigo do também roedor Cooper, dublado por Rafael Infante.

"Não pensei duas vezes em aceitar o convite. Foi uma experiência totalmente nova que fiz com muito respeito. Atuar é dublar de outra forma, com outra técnica. O ator está acostumado a pegar o texto, ensaiar e maturar aquilo tudo. Entramos em cena sabendo tudo. Já a dublagem é uma surpresa", conta o artista de 22 anos, que trabalhou sob supervisão do diretor de dublagem Wendell Bezerra, conhecido por dar voz a Goku (Dragon Ball Z) e Bob Esponja.

"Ouvir tudo em inglês e falar em português é complicado, mas o mais difícil para mim foi encaixar a fala na boquinha do personagem. Muitos de nós, nordestinos, falamos com uma dicção meio cantada, enquanto a animação é pensada para a linguagem inglesa", conta Lucas, que teve liberdade para manter o sotaque paraibano que diz carregar com "muito orgulho". "Sou de Campina Grande, interior da Paraíba, fui criado na base de cuscuz, munguzá e rubacão".

Produzido por Josh Appelbaum, André Nemec e Kendra Haaland, a versão original de O parque dos sonhos conta com as vozes dos comediantes norte-americanos Kenan Thompson (Gus) e Ken Jeong (Cooper). O filme tem uma pré-estreia no Recife apenas para convidados neste sábado, no Cinemark do Shopping RioMar, Zona Sul da capital, e em Campina Grande, terra do ator.

"O filme está lindo. É uma animação para criança, mas que trata da depressão de forma bastante subliminar e na figura de uma criança. A depressão infantil existe e não podemos fingir que não", explica Lucas. Embora essa temática seja similar à do ganhador do Oscar de Melhor Animação Divertida mente (Pixar Studios, 2015), o dublador conta que a diferença está na abordagem. “Divertida mente mostra algo bastante didático, enquanto O parque dos sonhos aposta na vivência da depressão, como o ambiente em volta afeta o coração". Mesmo tentando evitar spoilers, ele faz questão de citar uma frase que marca o filme já nas últimas cenas: “A escuridão não vai embora, ela fica aqui para lembrar de olhar para a luz".

Foto: Mandy Oliver/Esp.DP Foto.

O tom humorístico daquela atuação emendou com uma nova versão do clássico Os trapalhões, feita em comemoração aos 40 anos da série original. O ator fez o papel de Didico, um sobrinho de Didi (Renato Aragão), rendendo um troféu do Melhor do Ano do Domingão do Faustão, em 2017. Nesse mesmo programa de auditório, ele competiu no quadro Dança dos famosos, ficando em segundo lugar. “Entrei com 80 mil seguidores no Instagram e saí com uns 700 mil. Hoje em dia tenho mais de 1 milhão. É incrível a força que o Faustão tem", admite.

Com o objetivo de crescer ainda mais no mundo digital, ele lançará seu primeiro DVD no YouTube neste ano, intitulado Cócegas do cérebro. Para engajar seu nome nas redes, também tem recebido dicas de Whindersson Nunes, piauiense e maior youtuber do país. Apesar disso, o paraibano continua prezando pelos palcos ao apostar no "stand up nordestino" consagrado por nomes como Tom Cavalcante (CE), Zé Lezin (PB), Espanta (RN) e o seu próprio pai. "Quero ser uma artista que a família inteira consegue assistir. Amo o humor do Nordeste, é mais rico do que em qualquer outro lugar. O stand up veio da cultura norte-americana, mas é uma coisa mais ácida de apontar para o outro. Nós nordestinos imitamos, brincamos com a cara do outro e temos a humildade de nos ‘autozoar’. Isso é o que há de mais nobre no humor".

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