Quem vê Joana D’arc Santana, de 41 anos, encantando multidões ao interpretar o orixá Oxum nos carnavais, não imagina a força e a representatividade que a artista tem. Ela é mãe, negra, bailarina e produtora cultural. Sua história está ligada diretamente a força das periferias e a divulgação da cultura afro. O sorriso no rosto e os movimentos milimetricamente planejados por ela, são executados com a expertise de quem divulga a beleza da religiosidade de matriz africana por três décadas.
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Dadá Santana: 30 anos de dedicação contínua a cultura negra em PE
A bailarina anunciou na noite desta terça-feira (26), a saída do Afoxé Oxum Pandá para os Filhos de Dandalunda. Conheça a trajetória
Posterior à vivência no Daruê, Joana participou de outros grupos. No ano de 1999, integrou o corpo de balé do Afoxé Alafin Oyó, onde interpretou o orixá Iansã. Pouco tempo depois foi convidada para participar do Afoxé Oxum Pandá, onde vestiu a roupa do orixá regente por quase duas décadas e assumiu a diretoria do grupo. “No tempo em que estive no afoxé, busquei me dedicar ao máximo e defender a cultura negra com unhas e dentes. Acompanhei a transição de várias gerações ao longo desse tempo. Posso afirmar, sem sombra de dúvidas que o afoxé foi uma escolinha para mim”. Nesta terça-feira (26), Joana anunciou a saída do grupo à direção, que poucas horas depois, anunciou nas redes sociais a substituição da bailarina. Ela teve algumas participações especiais também nos Afoxés Omim Sabá e Omo Inã.
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A notícia pegou alguns admiradores da bailarina de surpresa, principalmente aqueles que visitavam o Pátio do Terço no domingo de carnaval para vê-la dançar na Noite do Encontro de Afoxés. “Quem assiste Dadá fica emocionado. Ela parece a própria divindade africana das águas em terra”, relata o professor Júlio Fernando. A decisão de sair do quarto afoxé mais antigo de pernambuco para participar do Filhos de Dandalunda deu-se por questão religiosa. “Hoje estou seguindo um novo caminho. Eu fui feita por Pai Moacir de Angola e me entreguei de corpo e alma a minha ancestralidade. Quero seguir um afoxé que carrega a minha essência. Confesso que foi uma dor muito grande, pois lembrei de vários momentos que passei na antiga casa. Agora, quero alcançar voos maiores e novos desafios”, relatou.
Uma coisa é certa: o brilho de Joana transcende os limites do afoxé. Os fãs e admiradores da artista poderão conferir a mesma essência ou até mais intensificada dentro do Afoxé Filhos de Dandalunda, que realiza um importante trabalho de promoção à cultura e a religiosidade afro em Pernambuco, entre eles, o Oscar da Cultura Negra, que tem a intenção de valorizar os artistas defensores da identidade africana no Brasil. “É uma grande honra receber Joana em nosso grupo. Ela que também é filha de santo da casa, agora está redescobrindo a essência e o encanto da religiosidade de matriz africana. Temos certeza que será muito feliz”, ressaltou o sacerdote Moacir de Angola, presidente do grupo.