Conhecido pela inquietação artística que expressa no palco, Alceu Valença se rendeu à sobriedade ao cantar seguindo pauta e batuta de um maestro no concerto Valencianas, que será apresentado, com ingressos esgotados, neste sábado (29), a partir das 21h, no Teatro Guararapes, em Olinda. Sob regência do maestro Rodrigo Toffolo, o espetáculo já passou por Belo Horizonte, Ouro Preto, Rio de Janeiro, São Paulo e Portugal.
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Acompanhado por uma orquestra, Alceu Valença apresenta espetáculo inédito em Pernambuco
Concerto Valencianas chega ao Teatro Guararapes, neste sábado, com ingressos esgotados
Apesar de ser presença frequente em Pernambuco com shows de repertórios carnavalescos ou juninos, essa é a primeira vez que o músico mostra, com a Orquestra Ouro Preto, uma vertente mais instrumental em sua terra de origem e inspiração. "Eu tenho dez tipos diferentes de shows, que são feitos até para festivais de rock e de jazz. No Recife, eu quase sempre faço apresentações de carnaval ou de forró, porque não é fácil viajar com uma orquestra desse porte, tem que mobilizar muita gente", explica.
O projeto começou a ganhar corpo em 2010, quando, em uma tarde olindense, o produtor cultural Paulo Rogério Lage promoveu um encontro entre Alceu, o maestro Rodrigo Toffolo e o violinista da orquestra, Mateus Freire. Ao Viver, o pernambucano de São Bento do Una contou que recebeu Toffolo e Freire em sua casa para que lhe mostrassem os primeiros arranjos projetados para as suas músicas. "Conversamos muito sobre esse concerto e eles puderam ter um conhecimento maior da minha obra. Decidimos o repertório, as músicas que eu iria cantar e as canções que a orquestra tocaria em solo", recorda. "Eles fazem um ajuntamento de várias músicas minhas. Em alguns momentos eu canto, em outros eu saio de cena para a orquestra tocar sozinha. O público sempre pede bis, é uma louvação incrível", declara o músico, que classifica o concerto Valencianas como uma obra-chave em sua carreira por combinar a música popular nordestina ao erudito instrumental.
Canções conhecidas do público, como Anunciação, Tropicana, Girassol, Coração bobo e La belle de jour foram adaptadas para a música de concerto pelo violinista Mateus Freire, que teve o cuidado de preservar e não descaracterizar a essência da obra de Alceu. Segundo o cantor, seu repertório tem uma erudição que nem sempre pode ser notada nas apresentações. "É porque nos meus shows eu canto e pulo de um lado para o outro", justifica. Lançado em CD e DVD, em 2014, Valencianas alcançou, logo no primeiro dia, o topo dos mais vendidos no gênero MPB no iTunes. Em 2015, o trabalho foi consagrado com o Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.
Orquestra Ouro Preto
Com um trabalho marcado pelo experimentalismo e ineditismo, o grupo foi fundado em 2000 pelo doutorando em ciências musicais e mestre em musicologia Rodrigo Toffolo, que também assume o papel de diretor artístico e regente titular. Premiada nacionalmente, a Ouro Preto já se apresentou nas principais salas de concerto do Brasil e do mundo.
ENTREVISTA // ALCEU VALENÇA »
Como foi a experiência de cantar acompanhado de uma orquestra?
Muito bom. Eu me sinto em um divã quando toco com eles. Tenho que cantar de acordo com o que está escrito na pauta. Eu não posso cantar duas vezes o mesmo refrão, por exemplo. Não pode mudar. É uma outra experiência. A vibração é muito boa, a orquestra é afinadíssima. O maestro Rodrigo Toffolo é muito sensível e o arranjador, o Mateus, é sensacional.
Como você percebe a reação do público nesse show mais calmo?
É relativo. Algumas pessoas ficam sentadas, porque dizem que assim prestam mais atenção. Outras levantam e vão para o centro do teatro dançar, como aconteceu em Lisboa. É um show para viajar na música e isso é unânime.
Qual é a sua relação com a música clássica? É um estilo que você costuma apreciar?
Não, eu quase não ouço música. Mas eu lembro que, quando eu era menino, logo após ter ganho uma radiola, eu ouvia Chopin, Beethoven... E isso eu guardo na memória até hoje. Quando eu ouço música, pego num instante e não esqueço. Lembro de tudo que eu escutava quando criança.
Você já declarou que consegue compor uma música em qualquer lugar. Sempre teve essa expertise?
Eu sempre fui assim. O meu problema é que nunca tive uma grande autoestima, eu não acho que sou essas coisas todas que dizem. Quando recebo elogio, fico logo encabulado. Compor rápido não tem segredo, é só se concentrar na melodia e fazer. Posso compor uma música agora mesmo se você quiser.
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