Manno enfatiza que a própria trilha da novela é uma prova disso, já que traz sucessos do passado, mesmo que repaginados. “Isso não significa que os artistas deixaram de fazer shows, discos, mas o que a Bahia precisa é de músicos comprometidos com a criatividade. É preciso se renovar, sair da zona de conforto. E não ficar se prendendo em novela que fala do passado”, opina.
Luiz Caldas é mais cauteloso quando o assunto é renovação. Para o baiano, o que tem qualidade não tem a mínima necessidade de ser renovado. “Renovação é uma palavra muito mais usada pelo lado comercial do que pelo lado criativo. O que poderíamos renovar ou modernizar no trabalho de Tchaikovsky ou Mozart, por exemplo? Nada, porque é perfeito, muito bem feito e muito difícil de ser executado. Mas existe, sim, a renovação de seus artistas e isso vem ocorrendo não só no axé, mas em vários segmentos. Mas a gente sabe também que o lance da propina, essa coisa de pagar para ser divulgado faz com que, muitas vezes, só um gênero apareça no país”, afirma.
Por falar em novas caras, Felipe Pezzoni, vocalista da Banda Eva desde a saída de Saulo Fernandes em 2013, acredita que o fato de o axé estar numa novela da Globo impacta de uma forma muito forte o mercado e acaba beneficiando não só os artistas, como toda a Bahia. Para o cantor, o axé segue firme e com bases sólidas. “As duas maiores cantoras brasileiras, na minha opinião, a Ivete Sangalo e a Claudia Leitte, representam o gênero. O mercado é cíclico. O axé, que já foi o gênero mais tocado no Brasil, agora não está no seu momento mais favorável e por isso passa por uma reestruturação. A gente tem percebido ano a ano um crescimento significativo, devido a essas novas caras que vão surgindo”, declara. Pezzoni acredita que o gênero pode, sim, se repaginar e, consequentemente, atrair novos fãs e adeptos. “A sonoridade do Eva de hoje é bem diferente do que fazíamos antes, porque percebemos novas influências que nossos ancestrais não tinham. O nosso som já pertence ao ‘new axé’, que já é mais próximo dessa geração. Nunca podemos esquecer de onde viemos, mas temos que manter sempre um olhar no futuro”, resume.
“Axé music é um gênero muito popular. Ninguém consegue ouvir e ficar parado. Se a novela ajudar a reerguer o axé, ficaremos muito felizes”. Dennis Carvalho, diretor-artístico de Segundo sol.
“Teve uma época em que ele estava no auge, e agora vivemos o momento do sertanejo e do funk. Acho que a novela pode dar uma reavivada nisso, até porque muita gente adora o ritmo”. Ana Clara Caetano Costa, cantora do duo Anavitória.
“Cada um olhou para o próprio umbigo. O axé ficou limitado a seus personagens, como se eles fossem maiores do que o carnaval e até do que a própria Bahia. A classe é muito desunida. Infelizmente, o axé envelheceu”. Manno Góes, cantor e compositor.
“A sonoridade do Eva de hoje é bem diferente do que fazíamos antes, porque percebemos novas influências que nossos ancestrais não tinham. O nosso som já pertence ao ‘new axé’, que já é mais próximo dessa geração”. Felipe Pezzoni, vocalista da Banda Eva.
Superação e positividade
Câncer, AVC, uso excessivo de anabolizantes, depressão, problemas no fígado. Muito se especulou sobre a saúde de Ernesto de Souza Andrade Júnior, o Netinho. O cantor baiano – que completa 52 anos em julho – prefere não entrar em detalhes sobre o que de fato ocorreu, apesar de já ter dado alguns depoimentos falando sobre a perda de peso, da voz, e das internações em hospitais. “Essa história já foi tão mal colocada, gerou tanta confusão e impressões erradas por ser cheia de detalhes que não quero mais falar sobre isso”, declarou ao Estado de Minas. No entanto, o artista assegura que, na próxima semana, vai ser entregue à Justiça, inclusive com provas, tudo o que realmente ocorreu com ele em 2013. “Qualquer pessoa vai ter acesso a isso. Todo mundo vai saber exatamente o que houve, para evitar achismos, especulações”, garantiu.
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Completando três décadas de carreira, Netinho voltou a puxar um trio elétrico em abril, algo que não fazia há cinco anos. O retorno do músico ocorreu durante a Micareta de Feira de Santana (BA), considerada a primeira do Brasil. “Foi uma vitória absurda de superação. Cheguei a ter um dia em que me vi sem voz, sem movimento, sem memória recente e achei que nunca mais ia cantar. Depois de muita terapia, tratamento, consegui voltar a cantar”, ressalta.
Para ele, mais do que uma conquista para o artista Netinho, foi uma conquista para o ser humano. “Aquilo foi incrível. Não tenho palavras para descrever. Foi uma vitória e um exemplo para todos. Seja para quem passou pelo que passei, para quem está passando e, especialmente, para quem nunca passou, para mostrar que pode acontecer com qualquer um, seja famoso ou não. O importante é acreditar, ter fé.”
Para celebrar o novo momento em sua vida, o cantor baiano lançou, no fim do ano, o single #Somostodosum. A música fala de união, positividade, cumplicidade, justiça, amor e gratidão, valores que, para Netinho, estão em falta na humanidade atualmente. “Fiz essa música porque prometi a mim mesmo, ao universo e à vida que, quando saísse do hospital, gravaria uma música extremamente positiva. O prognóstico que fizeram era de morte e esse single é meu agradecimento pelo fato de ter ficado vivo.”
No entanto, o artista lamenta que a composição não tenha provocado o efeito esperado junto ao público. “Estou ciente de que essa música vai na contramão total do mainstream pelo fato de falar de coisas que não estão sendo mostradas atualmente pela música de massa. É uma canção que está lá na frente, mas, infelizmente, ninguém entendeu o seu propósito. Um dia as pessoas vão entender essa música.”