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Polêmica

Marcelo Crivella recusou homenagem à Dona Ivone Lara, diz ex-funcionário da prefeitura do Rio de Janeiro

'Ele não consegue distinguir a diferença entre ser pastor e prefeito', disse Victor Travancas, que pediu demissão de um cargo na prefeitura da capital fluminense

Publicado em: 07/05/2018 09:21 | Atualizado em: 07/05/2018 09:44

A sambista Dona Ivone Lara faleceu aos 97 anos. Foto: AFP/Reprodução

O advogado Victor Travancas, que assumiu um cargo no Riocentro (centro de convenções do Rio de Janeiro) há duas semanas, pediu demissão após "não encontrar as mínimas condições para trabalhar". Em uma nota divulgada à imprensa para explicar os motivos da decisão, o advogado chegou a acusar o prefeito Marcelo Crivella de preconceito contra o samba por motivações religiosas. O político teria se recusado a dar o nome de Dona Ivone Lara ao Palácio Rio 450 anos, equipamento público da prefeitura que se encontra fechado.

"Solicitei a ele oficialmente que fizesse uma homenagem à Dona Ivone Lara. O pedido foi negado diante do fato de o prefeito ter verdadeira ojeriza ao mundo do samba. Ele não consegue distinguir a diferença entre ser pastor e prefeito", diz um trecho da nota divulgada por Travancas, que era responsável por tentar captar recursos privados e do governo federal para estimular o turismo e a realização de eventos no Rio.

A cantora e compositora Dona Ivone Lara morreu  em 16 de abril, aos 97 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, com um quadro de anemia. 

Confira a nota na íntegra:

"Pedi nesta manhã a minha exoneração da função na Prefeitura do Rio de Janeiro, após um curto período de tempo - o suficiente para perceber que não poderia ajudar a atual administração. Como esclareci à imprensa, eu aceitei um convite de um projeto para captar recursos para área de eventos e Turismo da Cidade, que necessitava de minha experiencia na área de Direito Público. A minha meta era atingir uma captação de aproximadamente R$ 100 milhões. Contudo, nestes últimos 15 dias, ao ter acesso as informações internas, percebi que diante do caos administrativo que vive a prefeitura, é praticamente impossível a realização de qualquer projeto sério de captação de recursos.

Com relação aos eventos da cidade, a empresa para o qual fui enviado (RIOEVENTOS) não tem praticamente 1 centavo para realização de projetos. Está falida e mal tem recursos para pagar os funcionários públicos que lá trabalham. Desde que o Crivella assumiu, a RIOEVENTOS não realizou nenhum evento ou projeto para a cidade, estando sucateada num prédio da Secretaria de Conservação.

Junto a isso, não há centralidade na administração. O prefeito desconhece princípios básicos de gestão. E os secretários se quer se comunicam. A bagunça é generalizada. Não é possível captar recursos, porque se quer se sabe quais são os projetos do prefeito.

Para mostrar a bagunça, só o Centro de Tradições Nordestinas passou nos últimos 10 dias por três áreas de gestão. Era do gabinete do prefeito, passou para RIOTUR, passou para a Casa Civil e terminou na Secretaria de Cultura (isso em 10 dias). Estamos falando do principal centro de eventos do bairro de São Cristóvão, um dos poucos que ainda funcionam com regularidade no Rio.

Um dos motivos para o meu pedido de desligamento também foi a discriminação que o Prefeito insiste em ter ao mundo do Samba, indispensável para o turismo e verdadeira essência da Cultura Carioca. Solicitei a ele oficialmente que fizesse uma homenagem à Dona Ivone Lara. E o pedido foi negado. Como se sabe, o Palácio Rio 450 anos em Oswaldo Cruz está fechado, completamente abandonado desde o fim da gestão do prefeito Eduardo Paes. Solicitei oficialmente, já que estamos com 453 anos, que o nome do palácio passasse a ser Palácio Dona Ivone Lara, já que ela era moradora do bairro e pudesse ser um centro de realização eventos no subúrbio carioca.

O pedido foi negado diante do fato do prefeito ter verdadeira ojeriza ao mundo do samba. Ele não consegue distinguir a diferença entre ser pastor e prefeito. Com relação aos processos contra o prefeito, mesmo nomeado na prefeitura não abandonei os principais processos. Mantendo inclusive ação no STF e na Justiça Estadual contra a nomeação do filho dele. Na ultima semana pedi a quebra de sigilo bancário do filho dele no processo de nepotismo.

Com relação, ao meu futuro profissional, vou voltar a minha rotina no escritório e decidi lançar a minha candidatura a presidente da OAB/RJ, cujo as eleições serão em novembro.

Acho que diante do caos administrativo e da falência do Estado e do Município do Rio de Janeiro, precisamos de uma OAB mais atuante. Então, como advogado, nada mais justo - diante do grande apoio que tenho da sociedade - de me colocar como candidato da OAB para lutar contra estes desmandos nos governos."
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