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Exposição no Recife celebra 30 anos da banda pernambucana Devotos

Artista plástico e guitarrista Neilton é o responsável pelas 60 peças que vão ocupar dois andares do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães

Publicado em: 09/05/2018 09:50 | Atualizado em: 09/05/2018 15:25

O artista também selecionou clipes, trechos de shows e um documentário para serem exibidos em uma sala audiovisual. Foto: Eric Gomes/Divulgação

Comemorando três décadas em atividade, a banda pernambucana Devotos terá a sua história contada em ordem cronológica através de uma exposição criada pelo artista plástico e guitarrista Neilton. A mostra, que ganhou o nome de A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos, será composta por raridades do grupo formado no Alto José do Pinho, como backdrops, pôsteres, ingressos, capas de fitas demo e pinturas originais. As 60 peças vão ocupar dois andares do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), desta quarta-feira (9) a 15 de julho, com entrada gratuita. 

“Quando eu comecei a fazer ilustrações para a Devotos, já pensava em um dia expor esse material. Inicialmente, seria para os 18 anos da banda, depois pulou para os 20, mas só se concretizou agora”, revela Neilton. Distribuída em quatro salas, a exibição começa com um cartaz emoldurado do primeiro show, realizado em 1988, seguida por uma das possíveis capas de um compacto em vinil, que nunca chegou a ser lançado por falta de verba. Os espaços contam ainda com camisetas pintadas à mão, a primeira demo da época em que a banda assinava como Devotos do Ódio e o segundo disco da carreira, que Neilton conta ter um significado especial. “Além de ter sido o primeiro CD que assinei todo o projeto gráfico, o meu pai sofre de mal de Parkinson e eu pedi para ele escrever o alfabeto com a mão tremendo. O resultado foi transformado na fonte que coloquei o nome de ‘devotos pai’ e usei pela primeira vez no encarte desse álbum”, relata. 

O artista também selecionou clipes, trechos de shows e um documentário para serem exibidos em uma sala audiovisual, no segundo andar do Mamam. Uma das obras que Neilton faz questão de destacar é a peça que o músico Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da Legião Urbana, comprou e mantém até hoje em seu estúdio no Rio de Janeiro. “Eu não sabia o valor que tinha meu trabalho, mas Dado fez questão de pagar. Ele me deu um cheque de trezentos reais e lembro que fiquei sem acreditar, porque, naquela época, era muito dinheiro. Foi a primeira peça que vendi”, conta o artista, que já fez ilustrações para Cordel do Fogo Encantado, Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Cascabulho, Academia da Berlinda, The Baggios, Fernandes e Mamylove (cantora africana radicada na França). Neilton garante que os colegas Cannibal (baixo e vocal) e Celo Brown (bateria) estarão presentes na abertura da exposição com uma surpresa para os visitantes.

Serviço
Exposição: A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos
Abertura: Quarta-feira, 9 de maio, às 19h
Visitação: de 10 de maio a 15 de julho
Dias e horários de funcionamento: de terça a sexta-feira, das 12h às 18h. Sábados e domingos, das 13h às 17h
Onde: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam) - Rua da Aurora, 265, Bairro da Boa Vista
Quanto: Gratuito

Entrevista - Neilton // artista plástico e guitarrista da Devotos

Qual a sua inspiração para criar as ilustrações?
Os desenhos acabam se tornando uma materialização das letras do Cannibal, mas, às vezes, eu ando em paralelo a isso. O nosso próximo trabalho, que será lançado este ano, se chama O fim que nunca acaba, mas essa frase não está em nenhuma letra do disco e a arte será criada a partir desse título. Já a ilustração do nosso disco de estreia, o Agora tá valendo, tinha um propósito social por sermos uma das primeiras bandas do subúrbio a gravar com uma multinacional. Então, cada álbum tem sua história e a partir disso surgem as ilustrações.

Qual foi o critério de seleção das peças?
Eu quis, de certa forma, que a exposição representasse os três integrantes. Por isso, além das capas impressas e emolduradas, tem também alguns instrumentos, como o primeiro contrabaixo de Cannibal, a primeira guitarra que montei, algumas fotos da época e cartazes de shows.

Foi a partir das artes nos discos da Devotos que outras bandas se interessaram pelo seu trabalho como ilustrador?
Sim. Quando viam meu nome no encarte, começavam a pedir para que eu fizesse outros discos também. Todas as capas das bandas do Alto José do Pinho dos anos 1990 foram feitas por mim e eu não cobrava, por ser uma época em que ninguém tinha dinheiro para isso. Eu fazia para manter o fluxo, como uma forma de incentivo para a galera seguir.
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