Viver

O Rappa se despede de Pernambuco com quase três horas de show

Em noite emblemática, grupo carioca entoou antigos e novos sucessos

Quando anunciado, o show que marcaria a despedida da banda O Rappa em Pernambuco causou certo estranhamento - eles já haviam realizado outra duas apresentações ditas as "últimas" no estado (em setembro de 2017 e fevereiro de 2018). Mesmo assim, o grupo carioca lotou o Centro de Convenções, em Olinda, na madrugada deste sábado (7), com um espetáculo eletrizante. A cada música do repertório, ficava mais nítida a razão pela qual a banda merecia tantas despedidas: uma musicalidade visceral, que atravessou décadas, gerações e criou uma relação ímpar com os ouvintes.

Quando Marcelo Falcão (vocal), Xandão (guitarra), Lauro (baixo) e Marcelo Lobato (teclado) subiram no palco, a sensação era de estar vendo a formação pronta para tocar como nos tradicionais shows do Março Zero, durante o carnaval do Recife, mas com o adendo do sentimento de adeus. O coro dos fãs acompanhava clássicos como O que sobrou do céu, Pescador de ilusões e Rodo cotidiano, como se fossem pela última vez.

Dono de timbre marcante que dá voz aos hits da banda, Falcão fez um discurso elogiando a música pernambucana e o manguebeat. Ele também ressaltou as mudanças que a produção musical passa devido a onipresença da internet e da tecnologia móvel: "Hoje em dia somos bombardeados por informação o tempo todo. Nesse mundo caótico, apenas os mais fortes vão sobreviver, ‘tá ligado’?". 

Em um dos intervalos entre as faixas, o som do palco tocou Pesadão, da cantora Iza, canção que conta com a colaboração de Falcão. O DJ pernambucano José Pinteiro também apresentou rápido set de músicas eletrônicas (que incluiu um remix de Anunciação, de Alceu Valença), entre o intervalo dos shows.

Antes da atração principal, Nação Zumbi e Baiana System subiram no palco com shows convencionais. No entanto, poucas "rodinhas punks" foram vistas no meio da multidão. Até então, a plateia relativamente morna tinha uma razão: todos queriam ver O Rappa pela última vez.

Após o show, usuários do Facebook usaram da rede social para fazer reclamações sobre o evento. As críticas são focadas na área pista, localizada demasiadamente distante do palco. Embora a prática seja comum em shows e festas da cidade, eles afirmam que esse tipo de estrutura contradiz o discurso das três atrações do evento - bandas que sempre pregaram a igualdade.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
Loading ...