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Ozzy Osbourne diz que precisa ter mais tempo com a família e anuncia última turnê

Aos 69 anos e com oito netos, o avô do rock chega ao Brasil em maio

Publicado em: 12/03/2018 18:25 | Atualizado em: 12/03/2018 18:03

"Não bebo mais cerveja, não fumo mais tabaco, não uso mais drogas", afirma Ozzy. Foto: Frazer Harrison/AFP


Antes que o repórter tenha a chance de fazer a primeira pergunta, ele faz questão de esclarecer: "Não estou me aposentando!". Aos 69 anos, Ozzy Osbourne se prepara para iniciar aquela que talvez seja sua última turnê mundial. A passagem pelo Brasil está marcada para maio. Como não é a primeira vez que ele anuncia um giro de despedida por diferentes continentes, não é difícil acreditar que o "príncipe das trevas" realmente não irá se afastar do rock enquanto estiver vivo.

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Venerado por gerações de fãs pelos anos que passou à frente do Black Sabbath, como também pela carreira solo que desenvolveu e pela espécie de personagem de si mesmo que se tornou, Ozzy se diz livre dos vícios e motivado a continuar cantando. A turnê, que passará pelo Brasil em maio, começa um mês antes, com dois espetáculos nos Estados Unidos, seguindo para México, Chile, Argentina e, finalmente, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

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Ironicamente, a turnê ganhou o nome de No more tours 2. O "2" é sequência da turnê de 1992, anunciada à época como a última. Não foi. E talvez a de agora também não seja. Ozzy se recusa a pensar em uma vida longe dos palcos. "Eu nunca disse que não irei mais à América do Sul ou à Europa. Só não irei mais de um para o outro direto. Farei coisas no Rio, em Paris e em vários lugares. Só não sairei de casa em janeiro para voltar em dezembro", afirma o astro, por telefone.

Avô pela oitava vez desde o mês passado, quando nasceu Minnie Osbourne, filha de seu caçula Jack, com quem estrela o televisivo Ozzy & Jack's world detour, Ozzy atribui sua decisão de pôr um fim às longas viagens à vontade de ficar mais tempo em casa e se dedicar mais à família. Com um vasto e conhecido histórico de abusos de substâncias químicas, Ozzy é enfático ao dizer que está "limpo" atualmente.

"Não bebo mais cerveja, não fumo mais tabaco, não uso mais drogas, estou bem agora e por um bom tempo", afirma. Em abril de 2013, ele publicou em sua página no Facebook que havia voltado a consumir drogas nos 18 meses anteriores, dizendo que estava em um "lugar escuro" e que vinha sendo um "babaca" com as pessoas que mais ama. Na nota, ele se desculpou com familiares, colegas de banda e fãs e afirmou estar sóbrio por mais de um mês.

Desta vez, ele estará acompanhado de sua banda base, formada por seu companheiro de longa data Zakk Wylde (guitarra), além de Blasko (baixo), Tommy Clufetos (bateria) e Adam Wakeman (teclados). Aos que estavam presentes no show de cinco anos atrás, ele avisa que o próximo será diferente. "Não sou o Black Sabbath. Vou tocar algumas deles, mas a maioria será de músicas minhas", diz o autor de Crazy train, Hellraiser e da balada Mama I’m coming home.

Porém, ele desconversa quando o assunto é o repertório da nova turnê. "Ainda temos um mês antes de começar, para escrever e decidir quais músicas levaremos para a estrada". Em um de seus shows mais recentes, em San Bernardino, na Califórnia, em novembro do ano passado, o repertório teve majoritariamente canções próprias. Contudo, hits do Black Sabbath, como Iron man, Paranoid e War pigs, costumeiramente executados por ele, foram incluídos, o que provavelmente se repetirá na nova turnê.

Com o Black Sabbath, Ozzy gravou dez discos - sem contar os lançamentos "ao vivo" e as coletâneas. Em sua carreira solo, iniciada em 1979, quando deixou a banda, foram 11 álbuns de estúdio. O mais recente deles é Scream, de 2010. Para provar que não está disposto a se aposentar, Ozzy diz que pretende gravar um novo disco depois da turnê. "As pessoas hoje não estão querendo mais fazer álbuns, mas eu estou. Farei um novo". Ele afirma que já tem pelo menos sete músicas escritas.

Ozzy Osbourne não vem ao Brasil desde 2016, quando fez sua turnê de despedida com o Black Sabbath. "O povo brasileiro ama música. Vocês têm ritmo no corpo, sul-americanos amam música", elogia. Se a ideia do roqueiro é ficar mais com sua família, ele não pretende deixar órfãos os milhões de fãs que o idolatram como lenda. "Tenho grande respeito pelos meus fãs, sou muito consciente do que represento para eles e da responsabilidade que carrego. Tento ser o melhor cara", afirma.

Idolatrado pelo visual inconfundível, mantido ao longo de décadas, com unhas pintadas, sombra nos olhos e cabelos compridos, ou pela inexplicável resistência a tantos abusos de álcool e drogas, além de bizarrices como a mordida na cabeça de um morcego durante um show em 1982, Ozzy já é eterno no rock, independentemente de quantas turnês de despedida ele faça.

Nascido em Aston, distrito de Birmingham, na Inglaterra, de onde vem seu característico sotaque "burmmie", foi um jovem operário, que trabalhava também como pedreiro, bombeiro e açougueiro, sem perspectivas e às voltas com a delinquência juvenil, como tantos outros. Com um histórico de pequenos roubos, chegou a ser preso por algumas semanas. Foi "salvo" pela música e o heavy metal, de quem é considerado pai.

Desde que formou suas primeiras bandas e se encontrou com o guitarrista Tommy Iommi para dar origem ao Black Sabbath, no fim dos anos 1960, até esse possível último tour, o rock foi muito mais do que um meio de vida para John Michael Osbourne, como ele mesmo reconhece. "Absolutamente, o rock salvou minha vida. O rock’n’roll me fez ter uma vida muito boa. A reação das pessoas, do público, quando estou no palco é a melhor coisa do mundo. Na verdade, talvez melhor que sexo".

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