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História do tio que deixou de ser bancário para virar palhaço inspiram exposição e peça de teatro de Zé de Moura

Abertura da mostra e lançamento do livro com a dramaturgia do espetáculo estão marcadas para a noite desta quinta, no Museu do Estado

Publicado em: 01/03/2018 16:01 | Atualizado em: 01/03/2018 20:10

Exposição tem 70 quadros e está dividida em quatro núcleos distintos. Crédito: Thalyta Tavares/DP

A história do tio do artista plástico Zé de Moura foi parecida com a de muitos homens negros e pobres na primeira metade do século 20. O que tornou sua vida diferente foi uma decisão fora da curva. Após trabalhar em um banco como office-boy, estudar, se formar e ainda assim sofrer preconceito, Aluísio decidiu se demitir e criar um circo. Essa história cinematográfica deu origem a uma exposição e a um texto teatral, ambos chamados de Dr. Aloisio, profissão palhaço ou E arrocha, negrada. Os dois serão mostrados ao público pela primeira vez às 19h, em evento no Museu do Estado, onde a mostra ficará em cartaz. Na abertura, haverá a ainda a encenação de uma parte do texto teatral e apresentação de cavalo-marinho, em referência direta aos circos de antigamente.

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De acordo com Moura, a ideia de abordar de forma artística a trajetória de seu tio o rondava há mais de 30 anos. O artista diz que, ao pintar, conta uma história, mas, desta vez, ele escolheu um caminho interdisciplinar. Enquanto trabalhava nos quadros, procurou o amigo de longa data Romualdo Lisboa, do Teatro Popular de Ilhéus (BA), para ajudá-lo a transformar essa vida em dramaturgia. “Eu não queria transformar isso em um romance, mas em uma peça. O texto é dividido em estações, como se fosse a vida de Cristo. Cada parte tem um desenho feito por um amigo meu: João Câmara, Roberto Ploeg, Gil Vicente, Pragana, José Carlos Viana”, detalha o pintor.

A exposição, por sua vez, tem 70 quadros e quatro núcleos: um dedicado ao circo em si e sua rotina, outro aos personagens pertencentes a esse universo, o terceiro é a série Maré mangue e o quarto é dedicado aos desenhos dos amigos. “Quando o circo já estava decadente, Aloisio ia catar caranguejo no mangue e eu ficava olhando as roupas dele. Essa foi a origem da série Maré Mangue”. A perspectiva é de quem está em terra, contemplando a natureza em volta.

Nas telas, as máscaras são um elemento frequente, pintadas em corpos muitas vezes distorcidos, com três seios, duas bocas, vários olhos. “Meu tio usava muitas máscaras. Ele sempre saía fantasiado no Carnaval”, relembra. O campo da memória é explorado também em uma personagem específica, Rosita, uma cantora de circo que se vestia de espanhola e mantinha um relacionamento amoroso com Aloisio. Em suas lembranças do tio, Moura lembra de Aloisio como um homem que gostava de viver. A convivência com ele, segundo Moura, se estendeu até pouco mais de seus 20 anos. “Ele tinha uma bela voz, jogava e tomava cachaça muito bem. A história dele é uma pintura. Morreu vestido de palhaço”.

SERVIÇO
Lançamento de livro e abertura da exposição Dr. Aloisio, profissão palhaço ou E arrocha, negrada
Abertura: quinta-feirar, às 19h
Onde: Museu do Estado - Avenida Rui Barbosa, 960, Graças
Visitação: Segunda a sexta, das 9h às 17h; sábados e domingos, das 14h às 17h
Entrada gratuita
Informações: 3184-3174

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