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Representatividade

Grupo de 1,8 mil alunos de escolas públicas assistem a Pantera Negra

Filme bateu recorde entre os filmes mais comentados do Twitter

Publicado em: 26/03/2018 17:20 | Atualizado em: 26/03/2018 17:54


Pantera Negra arrecadou US$ 630 milhões nos Estados Unidos e tem ganhado apoio na bilheteria também por causa da representatividade do enredo, com iniciativas no Brasil e no mundo para levar jovens negros ao cinema. Alunos da Escola Municipal Lídia Angélica foram ao Shopping Cidade assistir ao filme que tem como protagonistas os atores negros Chadwick Boseman (T'Challa), Michael B. Jordan (Killmonger), Letitia Wright (Shuri) e Danai Gurira (Okoye). Desde 7 de março, 1,8 mil alunos de 45 escolas municipais da capital mineira assistiram ao longa-metragem, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação.

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Ao sair do cinema, os meninos e meninas conversavam entusiasmados sobre o que viram na telona. Quando passaram pelo pôster do filme, fizeram questão de colocarem os braços em x, gesto repetido pelo rei T'Challa quando se veste de Pantera Negra. Bem diversa, a turma tem alunos e alunas negros, brancos e pardos dos sétimo e oitavo anos. 

A chefe do exército do rei T'Challa, Okoye, fascinou as estudantes Manoela Coelho e Maria Clara de Oliveira Gonçalves, ambas de 13 anos. "Ela mostra que não são apenas os homens que têm poder. As mulheres podem ser fortes. São elas que protegem Wakanda", diz. Maria Clara destaca que a guerreira entrou em confronto até com o próprio marido para proteger o reino, cumprindo com lealdade o dever de proteger o seu povo. As duas, que são brancas, também destacam a forma positiva como os negros são retratados.
 
Anna Pereira Silva, menina negra de 13, surpreendeu-se com o elenco estrelado por maioria de atores negros. "Geralmente, os filmes têm mais brancos do que negros. Em Pantera Negra é diferente, o que achei muito interessante", avalia. Camilly dos Santos, da mesma idade, se reconheceu nos personagens da produção. "Okoye enfrentou o próprio marido para salvar a população. Ela se preocupa mais com o povo do que com ela mesma".

A turma foi acompanhada dos professores Aline Neves Rodrigues Álves e William Soares. Aline leciona geografia e atua como pesquisadora no Programa de Ações Afirmativas da UFMG. Ela vê na sessão extraclasse a possibilidade de desconstruir estereótipos em relação ao continente africano. Outra contribuição, na avaliação dela, diz respeito à representação feminina. "A mulher é retratada para além do ambiente doméstico. Esse movimento de levar as crianças para o cinema é educativo e está acontecendo no mundo todo desde o lançamento de Pantera Negra", diz. 
 
Aline trabalha com a turma a questão da paridade entre os gêneros. Outra importante reflexão que o filme traz, na avaliação dela, é que o melhor caminho para a humanidade é a construção de pontes e não muros. "A grande contribuição é mostrar que os países podem ser soberanos sem querer subjugar o outro. É a utopia do movimento negro no Brasil em todo o mundo", conclui.
 
Lecionando história, o professor William destaca que a lei 10.639, de 2003, estabelece a obrigatoriedade do ensino da história africana e indígena nas escolas. Para ele, o filme ajuda na valorização da cultura negra ao mostrar a África para além dos estereótipos. "É uma narrativa diferente, que desconstrói a representação do herói tradicional. Mostra toda a diversidade das tribos africanas", analisa.

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