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Crítica: Motorrad é terror brasileiro com visual arrojado e sanguinolência

Longa-metragem é ambientado na Serra da Canastra (MG)

Publicado em: 01/03/2018 14:10 | Atualizado em: 01/03/2018 14:06

Trama do filme é inspirada em personagens concebidos pelo quadrinista Danilo Beyruth. Foto: Gui Maia/Divulgação

Motorrad é um filme nacional atípico. O estranhamento vem já do título estrangeiro, que significa motocicleta em alemão. Sim, as motos estão no cerne da produção, um thriller de terror repleto de sequências sobre duas rodas. Dirigido por Vicente Amorim (O caminho das nuvens), o longa-metragem entra em cartaz hoje.

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Ainda que a produção do cinema brasileiro, sobretudo entre os independentes, tenha a cada ano se mostrado mais rica e diversa, são poucos os exemplos de produções do gênero thriller a chegar no circuito comercial. Só pela incursão nessa seara, Motorrad já tem mérito. E, o mais importante, o filme se sai bem na tarefa.

A sequência inicial mostra o jovem Hugo (Guilherme Prates) roubando um carburador de um ferro-velho para a sua moto. O furto é quase frustrado, mas uma das responsáveis pelo local, Paula (Carla Salle), acaba permitindo que o rapaz leve a peça. Com o veículo reparado, ele se junta a uma turma de motocross em trilha pela Serra da Canastra (MG). O passeio dá errado, o grupo se perde e passa ser perseguido por quatro motoqueiros misteriosos que tentam matar um a um.

Em resumo: jovens bonitos que não dão a devida importância a pequenos incidentes estranhos no percurso e em pouco tempo se veem imersos em uma torrente de violência sem aparente motivação, em uma paisagem erma. Se a situação, no geral, traz clichês de filmes do tipo, o cenário desolador da serra e o uso de motos em inúmeras cenas de ação trazem uma dinâmica diferente. E, ainda, Motorrad tem esmero técnico raras vezes visto em obras do gênero.

Vicente aproveita esse cenário para realizar sequências dinâmicas e arrojadas, muito bem complementadas pela ótima fotografia (Gustavo Hadba) e eficiente montagem (Lucas Gonzaga). Merece menção, também, o som. A trilha sonora (Lucas Marcier e Fabiano Krieger) casa bem o trabalho desempenhado no desenho de som (Miriam Biderman e Ricardo Reis) e mixagem (Paulo Gama).

Seja no silêncio ou no barulho recorrente das motos, cascalhos etc., a atmosfera sonora é parte indispensável para a experiência sensorial de Motorrad. Elemento importantíssimo em uma produção que se aventura pelo terror, a violência está bem representada. Sádicos, os perseguidores vão, progressivamente, elevando a brutalidade de seus atos.

Ainda que tenha algumas conveniências de roteiro (assinado por L.G. Bayão) e por vezes falte profundidade e motivação aos personagens (idealizados pelo quadrinista Danilo Beyruth), o balanço final é positivo.

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