Cinema
Crítica: A Livraria é uma simpática fábula sobre paixão pelos livros
Inspirado no romance homônimo de Penelope Fitzgerald, longa-metragem venceu principais categorias do Goya 2018
Por: Breno Pessoa
Publicado em: 21/03/2018 16:42 | Atualizado em: 21/03/2018 16:09
Livros estão na primeira e na última cena de A livraria, novo trabalho de Isabel Coixet (Minha vida sem mim), em exibição nos cinemas do país a partir de amanhã. Grande vencedor do Goya 2018, maior premiação do cinema espanhol, o título saiu vencedor nas categorias Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado. Inspirado no romance homônimo de Penelope Fitzgerald, o longa-metragem é uma obra que não esconde a paixão pela literatura.
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A história gira em torno dos esforços de uma viúva de meia-idade chamada Florence Green (Emily Mortimer) para abrir e manter a única livraria de uma pequena cidade no interior da Inglaterra. A ambição da protagonista não parece, a princípio, um grande desafio, até que entraves vão surgindo progressivamente: faltam leitores na região, alguns consideram afronta o fato de uma mulher sozinha comandar um negócio e, até mesmo, há quem se interesse em utilizar o local do empreendimento para outros fins.
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Alguns dos obstáculos enfrentados por Florence parecem críveis, considerando a ambientação provinciana onde se desenrolam os acontecimentos e a época, o fim dos anos 1950. O ritmo crescente das tentativas de sabotar o bem-intencionado negócio e os esforços incansáveis dos opositores diminuem o senso de realidade da trama, que adquire tons fantasiosos. Coixet, responsável pela direção e roteiro, mostra ciência disso e não se propõe a entregar uma história exatamente verossímil.
O caráter de fábula é reforçado pelo uso recorrente da narração ao longo de todo o filme. Em muitos casos cansativo, o recurso funciona bem em A livraria, justamente por enfatizar esse aspecto algo fantasioso da história. É como um conto lido por alguém em voz alta. Enquanto a obstinação de Florence desperta admiração, causa algum estranhamento a maneira resignada como a personagem reage frente às adversidades. Pacífica e com poucos aliados, acredita na vitória não pelas ações, mas pelas mudanças provocadas pelos livros.
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