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Ícones do frevo, Getúlio Cavalcanti e Maestro Duda têm livros biográficos lançados neste domingo

Publicações foram assinadas pelo jornalista Carlos Eduardo Amaral e traçam perfil da vida e da carreira de ambos, dedicadas ao ritmo pernambucano

Publicado em: 25/02/2018 09:12 | Atualizado em: 23/02/2018 18:31

Getúlio Cavalcanti e Maestro Duda são dois dos maiores compositores vivos de frevo. Crédito: Marlon Diego/DP e Paulo Paiva/DP

As trajetórias do Maestro Duda e de Getúlio Cavalcanti não são assunto estranho para quem acompanha a cultura pernambucana e, principalmente, os desdobramentos do frevo enquanto música. No entanto, o lançamento dos livros Maestro Duda, uma visão nordestina, e Getúlio Cavalcanti, último regresso, do jornalista Carlos Eduardo Amaral, mostra que sempre há algo mais a descobrir mesmo quando se trata de figuras já largamente conhecidas localmente. As publicações serão lançadas amanhã, às 15h, no Paço do Frevo e fazem parte da coleção Memória Viva, da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

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Mais do que uma homenagem, a intenção do autor foi a de preencher uma lacuna editorial, percebida por Carlos Eduardo, autor também de Maestro Formiga, frevo na tempestade, primeiro volume da coleção Memória Viva, e Clóvis Pereira, no reino da pedra verde, outro perfil biográfico, também lançado pela Cepe. “Havia uma falta total de bibliografia sobre esses nomes do frevo ainda vivos. Quero que esses livros sirvam não apenas como referência básica, mas como ponto de partida para outras iniciativas e para suscitar o interesse em estudar esses compositores. Isso está sendo aberto tardiamente. É um absurdo que a universidade, por exemplo, não tome como objeto esses nomes tão representativos do frevo pernambucano”, aponta.

Os dois volumes têm organização semelhante: fazem uma narrativa biográfica, problematizam o frevo de modo geral e trazem a discografia e uma lista de canções editadas pelos artistas. Cada volume levou de 5 a 6 meses para ficar pronto e o último dos quatro livros previstos para a coleção, sobre Jota Michiles, está com a pesquisa em andamento. “O processo foi bastante tranquilo. Todos os entrevistados da coleção Memória Viva foram muito colaborativos”, ressalta Carlos Eduardo.

Ambos nascidos no interior de Pernambuco, mas apaixonados pelo frevo da capital, Recife, Duda - nascido como José Ursicino da Silva - e Getúlio são figuras agregadoras. De acordo com Carlos Eduardo, o primeiro é um exímio contador de causos, habilidade que divide com sua maior característica musical: a facilidade com a qual compõe e a fluidez de seus arranjos. “Ele tem a capacidade de escrever para qualquer gênero musical e pensa em quem vai tocar o instrumento”.

Detentor do título de Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2011, o maestro Duda, de 82 anos, também foi diretor da Banda Sinfônica da Cidade do Recife. Em comum, todos os entrevistados ressaltam sua honestidade e o rigor durante a criação musical, embora Duda tenha uma personalidade expansiva. No caso do livro de Duda, o autor destaca o último capítulo, no qual faz um perfil socio-econômico de Goiana, a cidade natal do maestro, arrematando com o que o maestro espera dessa vida. “A voz dele entra no finzinho do último capítulo. Ele não quer muito da vida, a não ser ter sua música tocada”.  

Enquanto o Maestro Duda sempre viveu de música, chegando a viver em São Paulo como arranjador de programas de TV, Getúlio, nascido em 1942, teve um leque diferente de experiências. Além de tirar seu sustento de uma empresa de informática, o intitulado “príncipe do frevo de bloco” também teve sua cota de experiências na política, assunto que ele preferiu não tratar em sua autobiografia. Foram, no total, quatro candidaturas, e em uma delas foi vice-prefeito de Camutanga, sua cidade natal, experiência para se esquecer. “Foi um momento muito problemático para ele, pois ficou patente sua ingenuidade para lidar com o meio político, especialmente em uma cidade do interior”.

Já Getúlio, segundo Carlos Eduardo, conseguiu conquistar um patamar de unanimidade, ainda mais entre os blocos líricos, como autor de músicas icônicas como Último regresso.  “Para mim, ele é o rei do frevo-de-bloco, e reina sozinho. A quantidade e a qualidade de músicas do gênero compostas por ele o credencia a ficar à frente de Edgard Moraes. Talvez ele e Nelson Ferreira estejam no mesmo patamar. Ele tem uma poética muito fluida e compõe de maneira simples, com voz e violão. Além disso, de todos os compositores, é ele quem tem o discurso mais forte de defesa da música pernambucana. A partir de suas canções, é possível fazer um mapeamento poético-afetivo da cultura local”.

SERVIÇO
Lançamento dos livros Maestro Duda, uma visão nordestina, e Getúlio Cavalcanti, último regresso, de Carlos Eduardo Amaral
Quando: Amanhã, às 15h
Onde: Paço do Frevo - Praça do Arsenal, s/n, Bairro do Recife
Preço sugerido: R$ 30 (livro físico) e R$ 9 (e-book)
Entrada gratuita

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