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Artista Durval Pereira ganha mostra idealizada por colecionador pernambucano

A exposição visa tirar o nome do artista paulista do esquecimento ao qual ele foi relegado desde sua morte, em 1984

Durval Pereira foi um artista reconhecido enquanto viveu, mas sua obra foi progressivamente esquecida após a morte. Crédito: Aponte Comunicação/Divulgação

Pereira pode parece obscuro. O pintor paulistano, nascido em 1918, foi uma figura singular enquanto viveu: impressionista quando todos queriam ser modernistas; livre para negociar seu próprio trabalho enquanto as galerias de arte ganhavam cada vez mais força. Sua disposição em ir contra a corrente, no entanto, voltou-se contra ele. Muito conhecido em vida, teve sua trajetória progressivamente apagada desde 1984, quando faleceu de ataque cardíaco. Seu trabalho vai ser posto novamente em pauta com a exposição Sesi Durval Pereira - impressões brasileiras/100 anos, cuja abertura será realizada hoje, no Centro Cultural Correios. Depois do Recife, a mostra vai seguir para Ouro Preto, São Paulo e Brasília.

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Durval (1918-1984) era um artista prolífico e competitivo. Tinha fama de acabar suas obras muito rapidamente e dizia não ter público, e sim fregueses. Agradava os compradores com seu talento para fazer paisagens marinhas, naturezas-mortas, casarios, cenas do campo e enveredou pelo abstracionismo bem no fim da carreira. Nascido em São Paulo, o artista foi amigo de artistas, de famosos e percorreu o interior do Sudeste e Centro-Oeste atrás de paisagens propícias para exercitar seu ofício.

A mostra ressalta o apelo popular de sua obra e alia a exibição de 180 telas a dispositivos interativos, cujo intuito é aproximar o legado de Durval de um público mais amplo. “São quadros que o povo gosta de ver. Isso nos guiou. E não adiantava trazer só as obras de volta, mas a vida inteira dele precisava ser recontada”, pontua o curador da exposição, Lut Cerqueira.

Marinha 3, óleo sobre tela datado de 1970. Crédito: Aponte Comunicação/Divulgação

A concepção da mostra tem uma história curiosa. O maior colecionador da obra de Durval Pereira é o advogado pernambucano Hebron Oliveira, coidealizador do Instituto Origami, voltado para projetos culturais. Sua coleção tem 254 telas e dessas, 180 estão na mostra. “Desde pequeno, via um quadro na casa do meu pai - era de Durval - e ficava me perguntando como o artista pintou isso. Ele parece estar em terceira dimensão. Em 2012, fui a Campos do Jordão e vi outro quadro do artista em um antiquário. Não pude comprá-lo na ocasião, mas logo depois entrei em sites de leilão, fiz três lances e comprei minhas três primeiras telas dele. Assim tudo começou”.

O curador e o colecionador procuraram um dos netos de Durval, Eduardo Pereira, para explicar mais sobre a ação. “Desde meus 16 anos, sempre quis trazer a memória de meu avô de volta. Ele era extremamente desorganizado e muita coisa foi perdida ou roubada desde que ele morreu. Minha família ficou abalada com sua morte e também não queria lidar com o acervo. Quando Hebron me procurou, fiquei com um pé atrás. Só acreditei de fato nele quando visitei sua casa e vi a quantidade de quadros que ele tinha”.

SERVIÇO

Exposição Sesi Durval Pereira - impressões brasileiras/100 anos

Abertura: Hoje, às 19h

Visitação: Segunda a sexta, das 10h às 17h; sábados e domingos, das 12h às 18h

Onde: Centro Cultural Correios - Avenida Marquês de Olinda, 262, Bairro do Recife

Entrada gratuita

Informações: 3224-5739

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