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Pioneira da psicanálise tem a vida retratada em filme

Lou Andreas-Salomé (1861-1937) teve a obra censurada pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial

Publicado em: 18/01/2018 15:59 | Atualizado em: 18/01/2018 15:22

Atuação de Katharina Lorenz é um dos destaques do longa-metragem. Foto: Cineart Filmes/Divulgação

Em tempos em que figuras femininas conquistam maior protagonismo nos cinemas, é especialmente oportuna a presença na tela grande de uma personagem não ficcional como Lou Andreas-Salomé (1861-1937). A pensadora russa tem a trajetória recontada na cinebiografia Lou, em cartaz a partir desta quinta-feira.

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Não exatamente um nome popular, mas de grande importância para a psicanálise e para o feminismo, a autora é, não raro, mais referenciada como discípula de Freud ou grande paixão de Nietzsche. Longe de ser uma figura a orbitar essas e outras personalidades masculinas, a autora era reconhecida pela postura emancipacionista e visão liberal sobre sexo e erotismo.

Sem qualquer obra em catálogo atualmente no Brasil, o único título relativo a Lou Andreas-Salomé disponível em livrarias nacionais é uma biografia escrita por Doria Astor (L&PM, 320 páginas, R$ 27,90). O filme traz a oportunidade de conhecer um pouco do pensamento da escritora, que morou a maior parte da vida na Suíça e Alemanha.

Com uma parcela expressiva da produção censurada pelo nazismo, as publicações de Andreas-Salomé só foram ter maior circulação após sua morte, com o fim da Segunda Guerra. O conflito global, aliás, está no pano de fundo do filme, que começa com uma pilha de livros censurados sendo queimada enquanto ouve-se um discurso de Hitler.

Não só as obras a respeito como a prática da psicanálise eram proibidas à época. É nesse contexto que a trama se desenrola inicialmente, com a autora em idade avançada (Nicole Heesters) entrando em contato com Ernst Pfeiffer (Matthias Lier), um jovem em busca de atendimento psicanalítico para um amigo. Reticente em atender ao pedido, a autora acaba cedendo, tendo como contrapartida o auxílio de Pfeiffer para redigir suas próprias memórias.

O processo de tomada de notas serve como pretexto para as digressões temporais relativas à infância, juventude e vida adulta da protagonista. Ao contrário da biografada, Lou acaba por se mostrar um filme bastante convencional, ainda que tecnicamente bem realizado e com atuações competentes, principalmente de Katharina Lorenz, que interpreta a autora na fase adulta.

Causa incômodo a opção da diretora em priorizar justamente a vida amorosa da pensadora, sobretudo as relações com Nietzsche (Alexander Scheer) e o poeta Rainer Maria Rilke (Julius Feldmeier). Se não faz jus ao que a autora representa, passa longe de ser desrespeitoso e, no mínimo, traz para os holofotes um pouco da trajetória e obra de Lou Andreas-Salomé.

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