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21ª Mostra de Cinema de Tiradentes exibirá 8 filmes pernambucanos

Curtas-metragens como O Olho e o Espírito, de Amanda Beça e Superpina, de Jean Santos

Publicado em: 19/01/2018 16:51

A maratona é composta por 102 produções independentes nacionais. Foto: Superpina/Divulgação
 
A representação da realidade brasileira – e os fenômenos sociais recentes colados à ela – está no centro da pauta da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que abre nesta sexta-feira (19) e fica em cartaz até o dia 27 na cidade histórica mineira. A maratona, que é composta por 102 produções independentes nacionais, este ano exibirá um longa e sete curtas-metragens pernambucanos. 

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Os curtas-metragens pernambucanos estão divididos da seguinte forma: três na Mostra Panorama (Repulsa, de Eduardo Morotó, O olho e o espírito, de Amanda Beça e Superpina, de Jean Santos), dois na Mostra Foco (Fantasia de índio, de Manuela Andrade e Peito vazio, de Yuri Lins e Leon Sampaio) e outros dois na Mostra Praça (Leona assassina vingativa 4 - atrack em Paris, de André Antônio e Paulo Colucci, e Nova Iorque, de Leo Tabosa).

Em uma programação paralela selecionada pelo Sesc, será exibido o curta História natural (2014), de Julio Cavani. O único longa-metragem pernambucano é documentário Camocim, de Quentin Delaroche. O diretor acompanhada o período de campanha eleitoral do pequeno município de Camocim de São Félix, no interior de Pernambuco. 

A 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes será aberta na noite desta sexta-feira com a projeção, fora de concurso, da produção baiana Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, vencedor de três troféus Candango (atriz, roteiro e júri popular) da competição brasiliense – o filme tem no elenco Babu Santana, o grande homenageado desde ano.
 
A mostra Chamado Realista contém filmes de impacto, como o alegórico A moça do calendário, de Helena Ignez, o drama rural Arábia, de João Dumans e Affonso Uchôa, a ficção científica Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós, e o documentário Operações de garantia da lei e da ordem, de Julia Murat e Miguel Antunes Ramos. Mas o tema deste ano contamina as demais seções do evento, em filmes como Escolas em luta, de Eduardo Consonni, Rodrigo T. Marques e Tiago Tambelli, atração da Mostra Praça, e o O nó do diabo, de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abe e Jhesus Tribuzi.
 
"A seleção de filmes do Chamado Realista contempla uma das tendências mais evidente da produção brasileira dos últimos anos, de filmes que trabalham com assuntos da vida, do dia a dia, para dentro dos sets", resume Cléber Eduardo, cocurador, com Lila Foster, da programação de longas da Mostra de Tiradentes. "É uma tendência que abrange filmes de arquivo, ficção e documentários e que, de certa forma, afeta toda a discussão do cinema hoje, do qual se cobra um realismo, uma forma e uma dramaturgia que se alinha a vida, à sociedade. O atrito que temos acompanhado se deve a isso".
 
A seleção proposta pelos programadores da mostra mineira chama atenção para a abrangência do termo "realismo" na produção recente. "Filmes como Arábia e Era uma vez Brasília, por exemplo, trazem essa discussão sobre realismo em formas cinematográficas quase opostas", observa Cléber. "O do Adirley é construído dentro do cinema de gênero; o do Affonso está mais próximo do naturalismo tradicional, protagonizado por um não-ator que está colocando um pouco de sua própria história ali, e legitimando a construção daquela vida ficcional. Enfim, a mostra quer discutir a ampliação do que seja realismo, provocar olhares sobre a questão".
 
O curador quer promover o debate em torno das cobranças por um cinema alinhado com as demandas da sociedade brasileira. "Lá no Festival de Brasília, essa questão ficou bastante politizada (e polarizada). Discordo daqueles que disseram que deixaram de falar dos filmes por causa disso, porque as falas mais intensas e agressivas nasceram a partir dos filmes, e não fora deles. Há uma demanda para que os filmes se politizem, mas é bom estar atento também para que isso não vire apenas oportunismo, só porque está na pauta do momento", analisa Cléber Eduardo.
 
A Mostra Aurora, voltada para o trabalho de cunho autoral, realizada por cineastas em início de carreira (com até três longas-metragens no currículo), é composta por produções de diversas regiões do país. Sete títulos serão avaliados pelo júri da crítica: Magrigal para um poeta vivo (SP), de Adriana Barbosa e Bruno Mello Castanho, Rebento (PB), de André Morais, Lembro mais dos corvos (SP), de Gustavo Vinagre, Imo (MG), de Bruna Schelb Correa, Ara Pyau – A primavera Guarani (SP), de Carlos Eduardo Magalhães, Baixo centro (MG), de Ewerton Belico, e Dias vazios (GO), de Robney Bruno Almeida.
 
"São filmes muito diferentes entre si, em termos de abordagem e de estilo. O que percebemos depois que a seleção foi montada é  que todos eles partem de alguma coisa negativa na vida de seus personagens, quase sempre relacionada aos espaços em que vivem", avalia Cléber. "São filmes que partem de um mal estar, que trabalham com a realidade sem qualquer forma de ironia, deboche ou comentário patético, e que podem ter relação com a sexualidade de um personagem ou estilo de vida do interior de Goiás, por exemplo. São histórias sérias".

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