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Filmes pernambucanos sobre violências em épocas de turbulências políticas são exibidos a R$ 3

Obras encerram o Sacoleja: I Mostra Livre de Cinema Pernambucano, no Cinema São Luiz

Prelúdio da Fúria discute temas como racismo, machismo, violência contra a mulher, prostituição e discurso de ódio. Foto: Jaraguá Produções/Divulgação


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"O meu trabalho é muito político, sempre foi, está ficando cada vez mais. Quanto mais aperta, mais agente cresce, engrossa. Este filme é uma necessidade, um grito que eu precisava dar, um desabafo", revela Gilvan, sobre o primeiro projeto cinematográfico, em meio à premiada carreira de fotógrafo. A produção, uma provocação sobre o Brasil de hoje e o nevoeiro atualmente imposto como futuro para a nação, demorou pouco mais de um ano para ser concluída, a partir de dezembro de 2015, e conta com direção musical de Pupillo Oliveira (da Nação Zumbi), além de intervenções de Marcelo Yuka (com letra composta para o longa), Karina Buhr, Fred Zeroquatro e outros.

Em Prelúdio da fúria, ele convidou oito artistas visuais, escolhidos com a intenção de promover a diversidade de temas abordados nas trilhas profissionais deles, para refletir sobre temas como questão indígena, racismo, machismo, violência contra a mulher, prostituição, linchamentos, discurso de ódio na internet, aparelhamento do estado, gentrificação, desaparecimentos no Rio de Janeiro e outras mazelas sociais. Os entrevistados são Adelaide Ivánova (PE/Berlim), Bruno Morais, do Coletivo Pandilla (RJ), Hirosuke Kitamura (Japão/Bahia), João Castilho (MG), Kamikia Kisedje (MT), Leo Caobelli, do Coletivo Garapa (SP/RS), Lourival Cuquinha (PE/SP), integrante do Aparelhamento, e Virginia de Medeiros (BA/SP).

"O Brasil é muito difícil", prenuncia o cineasta indígena mato-grossense Kamiria Kisedje no vídeo de divulgação de Prelúdio. Ele aborda os embates enfrentados pelos povos indígenas na tentativa de terem os pleitos atendidos pelo governo federal ante às imposições da bancada ruralista, mas o testemunho encontra coro junto aos outros depoimentos. Personagens invisíveis ganham espaço através das conversas, dos trabalhos, notadamente sociais e políticos, e das imagens criadas pela equipe para dialogar com os originais.

Imagens e sons conduzem esteticamente o documentário. Uma vitrola, através da qual se escuta o clássico O guarani, de Carlos Gomes, faz referência contra os povos indígenas e outras minorias, logo na abertura do filme. "Acho que O guarani é uma trilha sonora de grandes desastres nacionais. É o tema da Voz do Brasil, que acompanhou tantas ditaduras, até hoje", explica. O sugestivo título reflete um certo pessimismo e sentido de urgência do agora cineasta. "Estes tempos estão marcados. A gente mexeu em coisas muito sérias. Abrimos as portas da selvageria. Tudo é relativamente aceitável, tolerado, no aspecto dessas coisas absurdas, de movimentos anti-democráticos. Não estamos em um estado de democracia, mas de ameaça à democracia", lamenta. Assunto incômodo, a violência será tema do seu segundo filme, já em processo de produção.

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