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Fala sério, mãe! mira um público pouco explorado no cinema nacional: os adolescentes, nicho em que a autora atua. A protagonista, Larissa Manoela, foi recentemente vista nas salas do país em outra produção infantojuvenil, Meus 15 anos, uma das maiores bilheterias entre os títulos brasileiros de 2017, com mais de meio milhão de expectadores, e atualmente disponível na Netflix.
Apesar do forte apelo adolescente, o novo longa-metragem tem ainda elementos que podem agradar uma audiência mais madura, principalmente os pais. Isso porque a história é dividida entre os pontos de vista de Ângela Cristina (Ingrid Guimarães), uma mãe zelosa, e Maria de Lourdes (Larissa Manoela), a filha primogênita.
A narrativa abarca desde os primeiros anos de vida da garota ao fim da adolescência, incluindo tanto dramas maternais quanto questões da juventude e amadurecimento. Em suma, a personagem de Ingrid representa o imaginário sobre a mãe coruja, enquanto Larissa encarna a típica adolescente vivendo momentos-chave da transição da infância para a adolescência, incluindo aí o primeiro beijo, paixões juvenis e eventuais incômodos em relação à postura protecionista da genitora.
A despeito do título, repetido em alguns momentos por Maria de Lourdes, a Malu, o tom predominante é de reverência à figura materna, jamais tratada de forma caricata, mérito em grande parte de Ingrid Guimarães, que também assina o roteiro, ao lado de Dostoiewski Champangnatte e Paulo Cursino. A atriz dosa bem a ótima veia humorística ao dar comicidade para alguns comportamentos exagerados e superprotetores da personagem, ao mesmo tempo em que se sai bem em momentos dramáticos, a exemplo da separação do marido Armando (Marcelo Laham).
Larissa Manoela, que em seus dois trabalhos televisivos (as novelas Carrossel e Cúmplices de um resgate) mostrou atuação por vezes limitada, tem se saído melhor nas produções cinematográficas. Mais natural, a atriz e cantora tem evoluído na tela grande e, se não é primorosa na performance, convence no papel e tem química com Ingrid Guimarães.
De clima predominantemente leve, o longa-metragem remete à atmosfera do ótimo Confissões de adolescente, seriado brasileiro exibido entre 1994 e 1995, adaptado da obra de Maria Mariana. Além temática em comum, ambas as produções traziam equilibrada alternância de protagonistas e passagens narradas pelas próprias personagens. No filme, causa estranhamento a falta de diversidade de personagens: salvo um ou outro figurante, todos os personagens de alguma relevância para a trama são brancos.
Por vezes há excesso no uso das narrações feitas pelas duas protagonistas, o que não chega a ser exaustivo, até mesmo pela curta duração do longa-metragem, de apenas 78 minutos. Outro recurso também usado em demasia são as músicas, de faixas como 20 e poucos anos, de Fábio Jr., utilizada duas vezes, uma delas na voz da prória Larissa Manoela, além de Vamo pulá! (Sandy & Junior) e Vou deixar (Skank), entre outras. Salvo pequenos problemas, o resultado geral é agradável: uma comédia dramática competente e simpática.
%2b É fada!
A primeira obra escrita por Thalita Rebouças a ganhar adaptação cinematográfica foi Uma fada veio me visitar, que virou a comédia É fada!, protagonizada pela webcelebridade Kéfera Buchmann, terceira maior bilheteria de 2016, com mais de 1,7 milhão de ingressos vendidos, e uma das raras bem-sucedidas incursões de youtubers brasileiros nos cinemas. Além do novo título que vai entrar em cartaz, outros quatro romances da escritora ganharão versões cinematográficas: Ela disse, ele disse, Tudo por um namorado, Era uma vez minha primeira vez e Tudo por um popstar. Este último será uma comédia musical protagonizada pela apresentadora e atriz Maisa Silva. O longa tem estreia prevista para o próximo ano.