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Produção filmada em engenho pernambucano usa horror como ferramenta para abordar o racismo

Açúcar, filme dirigido por Renata Pinheiro e Sergio Oliveira estreia nesta segunda-feira, às 19h, no Cinema São Luiz

Maeve Jinkins e Dandara de Morais são antagonistas. Foto: Aroma Filmes/Divulgação


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A trama é estrelada por Maeve Jinkins, no papel de Maria Bethânia Wanderley, herdeira de um engenho de cana decadente próximo ao desaparecimento. Ao se mudar para a antiga casa-grande, ele tem um choque ao perceber que trabalhadores locais não mostram subserviência a ela e que eles têm conseguido prosperar econômica e socialmente. Racista, Bethânia vê como afronta o fato de trabalhadores que, no passado serviram aos seus familiares, estejam se vivendo de forma independente do engenho, por ora cheio de dívidas, quase em ruínas e com terras improdutivas.

Tendo conseguido reivindicar parte do terreno, descendentes dos antigos escravos, a exemplo de Zé (Zé Maria Pescador) e Alessandra (Dandara de Morais), criaram o Centro Cultural Cabo Verde, que oferece suporte para a comunidade. Com verbas de uma ONG internacional, os trabalhadores locais plantam e comercializam flores tropicais e planejam a criação de um polo turístico, com fins educativos e memorialísticos, pautado na herança negra do local.

O mal-estar de Bethânia, representado com excelência por Maeve, ganha contornos mais intensos com a chegada de sua madrinha, interpretada por Magali Biff, que oferece com maestria um personagem ainda mais detestável e racista, que mostra dissimulada cordialidade para com os trabalhadores locais. Além dessa dupla, merece destaque a atuação de Dandara de Morais, alvo das principais violências praticadas pela família Wanderley e figura central em algumas das sequências em que o filme ganha contornos fantásticos.

Incisivo, o longa de Renata e Sérgio fala sobre a permanência do racismo através de um comentário a respeito da aristocracia rural do país. "O Brasil precisa pensar sobre os resquícios da escravidão, algo que de certa forma modelou a nossa sociedade", diz a diretora sobre uma das questões centrais do longa. Simbolicamente poderoso, o filme traz um tema urgente e necessário. Porque embora a casa-grande esteja em ruínas, o preconceito ainda parece longe de ter fim.

*O repórter viajou a convite do Festival do Rio

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