Cidade do México – Foi difícil prever o sucesso de Stranger things. Trama oitentista, estrelada por um elenco mirim e um enredo sobrenatural cujo pano de fundo é o Mundo Invertido não foram, inicialmente, elementos encarados como potencial atrativo de público. A produção foi recusada por canais de televisão nos Estados Unidos até ser "abraçada" pela Netflix, que costuma apostar em projetos fora do prisma. Rodeada de expectativas, a segunda temporada do seriado de Matt e Ross Duffer estreia nesta sexta-feira (27) no serviço de streaming. O Viver entrevistou os atores Finn Wolfhard, de 14 anos, Caleb McLaughlin e Gaten Matarazzo, de 15, respectivamente Mike, Lucas e Dustin, sobre os rumos dos episódios inéditos.
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Do lado externo do hotel no México onde estavam hospedados, fãs dos atores aguardavam há dias qualquer sinal dos astros mirins. E é assim por onde passam desde que o seriado foi lançado em 190 países, em julho de 2016. Com Winona Ryder entre os protagonistas, Stranger things ganhou repercussão mundial e se consolidou como fenômeno pop. Em eventos do segmento geek, por exemplo, cosplays dos personagens Dustin e Eleven (Millie Bobby Brown) se tornaram frequentes.
Os atores desfrutam do sucesso de maneira precoce, mas com certa maturidade. "Nós nos enxergamos de uma forma bem normal. Vemos um ao outro como adolescentes. Conseguimos ver um ao outro como famosos, mas o ponto é que não consigo me enxergar como alguém famoso", explica Wolfhard. "Basicamente se atores pensam como 'nossa, eu sou especial' então você não está fazendo certo. Eu realmente acredito que você deve permanecer fiel a si mesmo", justifica.
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Diante da agenda de gravações e de divulgação da série, a relação do trio lembra a de irmãos. Ao longo do dia, eles encararam uma maratona de entrevistas com jornalistas da América Latina. Um complementa (ou interrompe) o raciocínio do outro, já que eles têm compartilhado experiências parecidas em meio à imersão dos anos 1980. Questionados sobre a conexão com a década, eles avaliam que preferem o período atual. "Eu prefiro ficar aqui. Eu não gostaria de ir para os anos 1980 porque eu prefiro manter o mistério. Eu teria medo de, se voltássemos e víssemos tudo, eu pensasse 'isso é uma merda!'". Matarazzo questiona: "Você prefere se manter retrô?". Finn responde: "Eu apenas teria medo de voltar e não suprir as expectativas". "Eu gosto de iPhone e Netflix", exemplifica Caleb McLaughlin.
Com o desaparecimento de Will e os eventos sobrenaturais ocorridos na primeira temporada, os personagens foram envolvidos em uma carga emocional muito forte. "Eu sinto que todos os nossos personagens estão lutando com tudo que tem acontecido. Um ano se passou e estamos tentando lidar com tudo. Will está de volta, estamos tentando nos assegurar de que ele está bem, e ele definitivamente não está tão bem quanto antes (antes de tudo acontecer)", antecipa o intérprete de Dustin.
"O meu personagem está tentando lidar com o que aconteceu na última temporada, e ele não é mais tão aventureiro quanto antes porque ele meio que desistiu, não quer mais se ligar muito a ninguém. Ele está procurando a Eleven, mas não fisicamente e, sim, mentalmente", complementa Wolfhard. "Eu acho que o Luke não está como na última temporada, agora ele sabe que há mais do que apenas ursos, mais do que os monstros normais que você normalmente encontra nos bosques. Ele está passando pelo processo de entender tudo que está acontecendo agora. Nesta temporada, ele é a cola, eu sinto que era o personagem do Dustin na última temporada, mas trocamos esse papel", narra Caleb.
A curiosidade sobre os rumos dos personagens é evidente, mas o questionamento recorrente é se a série preservará o sucesso conquistado no primeiro ano. Em 2016, por exemplo, Stranger things alcançou o topo do ranking do IMDB, lugar ocupado pela série Game of thrones (HBO), cuja última temporada está prevista para 2019.