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Música 'Músicas de sofrência desvalorizam a mulher e incentivam a violência e o álcool', diz cantor Josildo Sá Artista revisita a obra de Lupicínio Rodrigues, o inventor da dor de cotovelo, em show no Recife

Por: Marina Simões - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/09/2017 08:54 Atualizado em: 29/09/2017 09:41

O cantor aderiu ao figurino clássico de Lupicínio Rodrigues para a apresentação. Foto: Ana Araújo/Divulgação
O cantor aderiu ao figurino clássico de Lupicínio Rodrigues para a apresentação. Foto: Ana Araújo/Divulgação

A sofrência não é sentimento exclusivo da música atual. As desilusões, desamores e fossas são temas presentes na obra de Lupicínio Rodrigues - conhecido por ser o inventor da 'dor de cotovelo' - cantada muito antes do termo existir. Inspirado por letras melancólicas e profundas, o pernambucano Josildo Sá criou o show Josildo interpreta Lupicínio e outras canções, e apresenta nesta sexta-feira (29), em festa armada no Clube AABB (Avenida Doutor Malaquias, 204, Graças).

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Sobre a música atual, chamada de sofrência e divulgada por artistas como Pablo, Marília Mendonça, Simone e Simaria, entre outros, o cantor criticou a efemeridade das músicas. "As letras não condizem com o sentimento das pessoas. São feitas para que pegue rápido e de sucesso efêmero. Músicas que desvalorizam a mulher, incentivam a violência e o consumo de álcool", aponta. 

"A ideia é fazer um baile, uma noite de dança de salão. Vai ter Dorival Caymmi, Maysa, Nelson Gonçalves, Roberto e Erasmo Carlos. Será um show romântico, inspirado nas serestas que ouvia na adolescência no interior", afirma o artista. A festa também contará com show completo do forrozeiro Petrúcio Amorim, passeando por grandes sucessos da carreira.

No repertório, Josildo Sá vai entoar composições como Folha morta (Ary Barroso), Nervo de aço (Lupicínio Rodrigues), Ouça (Maysa), Nem eu e Só louco (Dorival Caymmi), Tortura de amor (Waldick Soriano), Fica comigo esta noite (Adelino Moreira), entre outras. O show é um projeto paralelo do artista para apresentações pontuais fora do trabalho com o Samba de Latada e o repertório de forró. Os ingressos para a noite custam R$ 100 (sócios) e R$ 150 (não sócios), à venda na bilheteria da casa. Informações: 3117-6090. 

Duas perguntas // Josildo Sá

Por que escolheu a obra de Lupicínio Rodrigues?
Acredito que seja um dos artistas mais revisitados da música. São canções belíssimas e que tocam os corações das pessoas. Elas remetem aos tempos bons da roedeira, do sentimento verdadeiro. São músicas que ficam para a vida inteira. Sou o homem do samba de latada e quis sair da minha zona de conforto. Adoro desafios. Sou forrozeiro, mas cantar Lupicínio tem sido emocionante, uma experiência extra como intérprete. 

Como analisa a dor de cotovelo na música atual?
Há um público para isso. Mas não é dor de cotovelo é dor no juízo e no corpo todo. Sou do tempo que brega era Carlos Alexandre, Bartô Galeno e outros. Hoje eles fazem músicas apelativas para sucesso rápido. As letras não condizem com o sentimento das pessoas. São feitas para que pegue rápido e de sucesso efêmero. Músicas que desvalorizam a mulher, incentivam a violência e o consumo de álcool. É uma realidade que vejo em festas dos interiores. A juventude curte porque não quer sentir, não quer ler. Hoje não se educa mais, não se dá valor aos sentimentos essenciais. Os jovens não param para ouvir boa música, entender a letra e curtir a emoção de verdade. 

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