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Artista grava em álbum versão musicada da carta de Temer para Dilma

Texto do atual presidente foi transformado em seis faixas musicais

Apesar do conteúdo, artista diz que novo trabalho não tem teor político. Foto: Kamila Ataíde/Divulgação


Supostamente vazado, o texto escrito pelo então vice-presidente a Dilma virou motivo de piada pelo formalismo e tom lamuriento do político que, não custa lembrar, também ensaiou incursão pela poesia com o livro Anônima intimidade (Topbooks, 168 páginas, R$ 39). A verve criativa de Temer, involuntariamente, rendeu um obra que transcendeu a escrita. A carta está presente na íntegra no álbum, disponível para compra no iTunes e em plataformas como Spotify e Deezer.

"Só teve uma ou outra adaptação de conectivo", afirma o Mota, que enfatiza a complexidade envolvida no processo de musicar um texto que não foi pensado com essa finalidade. "Tem partes que ele (Temer) cita porcentagem, sigla de partido, fica 'incantável', mas me desafiei", diz. "Fiz estudos rítmicos para encaixar as frases em compassos", explica o artista, acrescentando que acabou visualizando certa cadência na escrita. O texto foi aproveitado em seis músicas; as outras quatro faixas são instrumentais.

O álbum foi pensado após divulgação pública da carta, mas só entrou em desenvolvimento em meados de 2016. E o agravamento da crise política acabou servindo como estímulo para intensificar o trabalho nas faixas. O primeiro single, A senhora, aliás, foi lançado poucos dias após a divulgação do áudio da conversa comprometedora entre Temer e o empresário Joesley Batista. Mota imaginava que o presidente iria cair após o recente escândalo.

Ouça o álbum:

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"Ele se mantém, mas o governo acabou", opina. Apesar do inerente tom satírico presente em As palavras voam, Mota descarta viés político na obra. "No sentido utilitário, panfletário, partidário, não tem. É um exercício estético", avalia, observando ter recebido reações positivas tanto de adeptos da direita quanto da esquerda. "Mas também teve gente que não entendeu, que achou que a letra era minha", acrescenta.

"É tão metricamente intrincado, tem a ver com o que eu faço habitualmente. Sempre gostei de trabalhar polifonia, dissionância com um pop rasgado etc.", diz, reforçando não ter se distanciado da linha musical costumeira, apesar do ilustre colaborador. Matheus Mota diz que pretende apresentar o álbum ao vivo, mas que ainda busca formas de viabilizar financeiramente o projeto.


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