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Fernando de Noronha vira cenário para romance policial

Jornalista Carlos Marcelo cria narrativa de crime misterioso ambientado na ilha

Livro é o primeiro romance do jornalista Carlos Marcelo. Foto: Daniel Oliveira/Divulgação



A lista de referências de Carlos Marcelo vai dos clássicos Dashiel Hammet e Raymond Chandler a autores mais contemporâneos, como Dennis Lehane, Leonardo Padura Fuentes e o brasileiro Luiz Alfredo Garcia Roza. Ele bebeu em todos eles mas não se limitou ao gênero. Em entrevista, o autor fala sobre o livro, sobre Noronha e sobre uma possível missão para o romance policial.

SERVIÇO
Presos no paraíso, de Carlos Marcelo
Editora: TusQuets
Páginas: 284 páginas
Preço: R$ 39,90

Três perguntas para Carlos Marcelo, escritor

O livro tem uma trama policial, mas também um certo drama que faz dos personagens criaturas mais sólidas. Foi uma intenção?
O que me interessa nessa história está numa frase que o Cristóvão Tezza falou recentemente, que a literatura é drama e trama. No caso dele, está mais interessado no drama que na trama. No meu, estou interessado nos dois: em ter uma trama sólida, mas que seja protagonizada por pessoas que carregam dramas.

Na ficção contemporânea, é muito clara a intersecção entre a experiência vivida e a literária. Mas no romance policial isso não é tão comum. O vivido é importante para você?
Acho que sim, mas não necessariamente a minha experiência. O livro é uma somatória de experiência, vivência e observação. E a pesquisa entra em segundo plano, ao contrário do jornalismo. A pesquisa entra muito mais a serviço da narrativa. Mas essa tríade é fundamental para mim: invenção, experiência e observação. São os três fatores que ajudaram a construir essa história.

Em que sentido Presos no paraíso é um livro de seu tempo?
As questões políticas e sociais do Brasil estão impregnadas nos personagens. Por exemplo, a falta de perspectiva do Tobias, as dificuldades burocráticas que o Nelsão tem para comandar a delegacia, essa dualidade entre as aparências e o que é de verdade, esse abandono do patrimônio histórico. Mas acho que a literatura policial, se é que tem uma missão contemporânea, é a de devolver a relevância do ato extremo que é um crime. O crime está banalizado no nosso dia a dia. Não há nada mais extremo que morte de crianças, uma das armas do terrorismo atual, e a literatura policial tem esse poder de mostrar a dimensão do impacto que é uma morte.
 
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