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A experimentação do artista, professor aposentado do departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística da UFPE, e seu interesse em desenvolver trabalho a partir de figuras tão sintéticas são comentadas pelo curador da mostra, Raul Córdula. “A geometria, numa visão sintética, fala uma língua escrita apenas com três signos: o triângulo, o quadrado e o círculo, e todas as suas possibilidades e variações, desde a pirâmide, o cubo e a esfera, até a espiral que tanto espelha o búzio como a galáxia. Podemos até sugerir reduções deste vocabulário como a reta e a curva, a linha e o plano, mas são visões binárias, mínimas, para expressar o que as figuras potencialmente querem dizer”.
Embora a relação entre os elementos naturais e o geometrismo adotado por Pedrosa não pareça óbvia à primeira vista, ela existe, segundo o artista, por analogia. Os fractais - figuras geométricas cujas partes se assemelham ao objeto de onde vieram - também podem ser encontrados em diversas situações na natureza. “O trabalho dele tem uma alma de paisagem”, afirma o curador Raul Córdula.
Sebastião afirma ter conhecido mais sobre as possibilidades plásticas das figuras geométricas durante seu mestrado na Inglaterra, ainda nos anos 1980. “Assisti a uma aula com um artista da cor e ele falou de um conceito chamado arte sistêmica, que poderia ser trabalhada tanto no plano bidimensional quanto no tridimensional. Ele criava um trabalho bem geométrico e muito limpo. Na época, isso me encantou. A experiência nesse sentido veio desse trabalho sistemático. Aos poucos, percebi o meu estilo como menos rígido”.
As pirâmides e os objetos construídos cuidadosamente por Pedrosa também resgataram, para ele, uma faceta lúdica de seu trabalho, relacionada ao fazer manual. As tramas e malhas feitas a partir de colagens, vistas em sua série Tessituras, também mostram a passagem do tempo no trabalho do artista. “Nos primeiros paineis da série, eu tinha o interesse em esconder, embaixo das tramas, algumas letras, como mensagens escritas em segredo. Aos poucos, fui abandonando isso para me concentrar na geometria propriamente dita”.
Embora o protagonismo seja da atração de Sebastião pela geometria, a série Relicários da mata atlântica traz uma abordagem diferente, mais caótica e, ao mesmo tempo, mais obviamente voltada para a relação com elementos naturais como a madeira. A união deste tipo de trabalho com as tessituras e triângulos trabalhados na série Fractais deram origem a dois trabalhos híbridos, assemblages, que, discretamente, também apontam para novos caminhos na trajetória artística de Sebastião.
SERVIÇO
Mostra Geometria e trama, de Sebastião Pedrosa
Onde: Arte Plural (Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife)
Quando: terça-feira (13), às 19h (abertura). Visitação: Terça a sexta, das 13h às 19h; sábados, das 16h às 20h, até 5 de agosto
Quanto: gratuito
Informações: 3424-443
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