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Apresentação Documentário mostra fãs que esperaram mais de 50 dias por show de Beyoncé Waiting for B. está em cartaz nos cinemas pernambucanos

Por: Mariana Peixoto - Estado de Minas

Publicado em: 11/03/2017 10:01 Atualizado em:

Fãs se organizaram para esperar a diva pop. Foto: YouTube/reprodução
Fãs se organizaram para esperar a diva pop. Foto: YouTube/reprodução


Afinal, quem são esses jovens que acampam do lado de fora de ginásios e estádios por semanas para assistir a um show? Olhando de fora, nossos preconceitos afloram: devem ser descerebrados que não estudam, não trabalham e não têm qualquer preocupação na vida.

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O documentário Waiting for B., de Paulo César Toledo e Abigail Spindel, em cartaz no Recife, mostra exatamente o contrário. A B. do título é Beyoncé, que, em 15 de setembro de 2013, apresentou The Mrs. Carter show no Estádio do Morumbi, em São Paulo.

Em 20 de julho daquele ano, 57 dias antes do show, o jovem Charlles Angels chegou ao estádio. Montou ali a primeira barraca. Cinco dias depois, foi montada a quinta e última. Em cada, pelo menos 30 jovens se revezavam. A intenção era uma só: garantir o melhor lugar para ver Beyoncé.

Cada um pagou caro pelo ingresso na chamada pista premium, na frente do palco. Só que havia um valor extra, correspondente a US$ 700, que liberava a entrada duas horas antes da abertura oficial dos portões. Os jovens que acampavam não tinham dinheiro para isso. Então, criaram um método próprio (o organizador era Charlles Angels) para garantir o melhor lugar. Havia senhas e contagens diárias. Quem faltasse ao turno ia para o fim da fila.

No fim de julho, o realizador Paulo César Toledo leu uma notinha no jornal sobre a fila. Acampamentos são comuns em turnês de estrelas, mas não dois meses antes do show. "Na época, conhecia pouco sobre Beyoncé. A gente (Abigail Spindel, codiretora, é mulher de Toledo) estava atrás de um tema para um documentário em curta. Vivia tentando descolar uma grana, mas não rolava. Vimos que teríamos que produzir por conta própria", conta ele.

Já no final de julho, o casal, munido de câmeras, chegou ao acampamento no Morumbi. Até a data do show, eles foram lá a cada dois ou três dias. "O tema combina com o estilo que me interessa, o documentário de observação. Sabia que tinha um grupo de personagens interessantes, mas a única maneira de registrar isso era a observação, não sentá-los lado a lado para entrevistas", acrescenta Toledo.

E é aí que as histórias afloram. O grupo é majoritariamente formado por homossexuais, boa parte deles negros. São trabalhadores - um dos personagens mais interessantes é Junnior Martins, cabeleireiro do badalado salão Celso Kamura, que encarava, diariamente, viagem de três horas até o estádio. Ou Gabriela Electra, que comandava grupo cover de Beyoncé.
Toledo e Abigail foram também à casa dos personagens e a locais de trabalho. Vêm à tona, entre piadas, passos de dança e muita maquiagem, discussões interessantes. Beyoncé tem preconceito com a própria pele porque pinta o cabelo de louro, opina um.

Outro discorda, acha que você pode fazer o que quiser com seu cabelo. Um terceiro, que se veste de Beyoncé, comenta o preconceito que sofreu a vida inteira: da família, por ser gay, dos gays, por ser negro. E há a menina que resolveu estudar inglês por conta da cantora. Waiting for B. participou de 36 festivais em vários países - levou prêmios no Mix Brasil (Melhor Longa nacional), In-Edit Brasil e Queer Lisboa (em ambos, ganhou o troféu de Melhor Documentário pelo público).

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