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Música Legião Urbana volta a Pernambuco: 'Nunca fizemos tantos shows', diz Villa-Lobos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá lideram turnê Legião Urbana: XXX anos, que chega ao Cabanga, na Zona Sul do Recife, neste sábado (05)

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 04/11/2016 17:03 Atualizado em: 04/11/2016 14:37

A turnê que comemora os 30 anos do álbum Legião Urbana volta a Pernambuco, agora no Cabanga. Foto: Fernando Schlaepfer/Divulgação
A turnê que comemora os 30 anos do álbum Legião Urbana volta a Pernambuco, agora no Cabanga. Foto: Fernando Schlaepfer/Divulgação

Com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá à frente do grupo, Legião Urbana se apresenta neste sábado (05) no Cabanga Iate Clube, na Zona Sul da capital pernambucana. A banda celebra os 30 anos do lançamento do álbum Legião urbana (1985), com sucessos como Pais e filhos, Tempo perdido, Ainda é cedo e Será no repertório do show Legião Urbana XXX anos.

Confira o roteiro de shows do Divirta-se


Em maio passado, a banda se apresentou no pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda. E volta ao estado em dezembro, quando encerra o festival Caruaru Prime Music, em Caruaru, no Agreste pernambucano.

“É mais do que já fomos a Pernambuco em qualquer outra época”, diz o guitarrista Dado Villa-Lobos. “Aliás, essa turnê tem sido mais movimentada do que qualquer outra. Estamos chegando a cidades onde nunca estivemos, como Caruaru. É uma fase de descobertas para nós. Nunca tocamos tanto na vida com a Legião Urbana como estamos tocando neste último ano”, analisa. O grupo está chegando à marca das 80 apresentações desde o início da turnê. “Quando a gente estava em carreira, tocamos bem pouco nos lugares. É uma oportunidade das pessoas terem essa experiência, tendo eu e Bonfá representando a essência da banda”, diz ele.

Dado destaca, entre os ganhos do projeto, a conquista de novos públicos, a presença de jovens que não acompanharam a gênese da Legião Urbana, mas seguem o trabalho do grupo. As letras, com críticas políticas e crônicas pessoais, continuam válidas, atuais, pertinentes. “É impressionante. Continuamos cantando ‘tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você’, ‘a violência é tão fascinante, vamos celebrar a estupidez humana’, o que seria mais atual do que isso?”, pontua o guitarrista.

Em entrevista ao Viver, ele falou sobre a crise política e social do país, o impacto da música na conscientização das pessoas, os projetos solo e os desdobramentos da turnê Legião Urbana XXX anos, na qual André Frateschi assume os vocais. No show deste sábado (05), o DJ Erico Junior abre a noite, que começa às 22h, e a banda Rock Zero Bala sobe ao palco após Legião.

SERVIÇO
Legião Urbana XXX anos

Quando: Sábado (05), às 22h
Onde: Cabanga Iate Clube (Av. Eng. José Estelita, S/N - Cabanga)
Quanto: R$ 70 (meia pista), R$ 90 (pista social), R$ 140 (pista), R$ 120 (meia frontstage), R$ 140 (frontstage social) e R$ 240 (frontstage inteira).
Informações: 3428-4277

ENTREVISTA: Dado Villa-Lobos, músico

Como avalia a turnê até então?

Faço uma avaliação superpositiva, cumprimos com a nossa proposta, há um bom público frequentando nossos shows. É um grande reencontro. Fazer as canções acontecerem de novo dessa forma, isso é muito bacana. Estamos chegando a 80 apresentações. Tem sido muito divertido. Estruturamos bem esse grande evento, planejamos com calma, estamos conseguindo realizá-lo como idealizamos.

E os novos rostos na plateia? Como vê a presença do público jovem, que não acompanhava Legião nos anos 1980?
Essa relação é intensa, inacreditável. Crianças, jovens de 10, 12 anos. A gente sempre foi superquerido, mas, nessa turnê, creio que batemos nosso recorde de público. O público que está conosco pela primeira vez tem gerado uma química diferente, é superprazeroso. Nunca tocamos tanto na vida da Legião como estamos fazendo ao longo deste ano. Nunca tocamos 80 vezes no ano. Nunca tínhamos ido a Caruaru, Macapá, e outras cidades. É uma nova descoberta para nós. Estamos conhecendo novas praças.

O que mudou em relação às turnês dos anos 1980?
Mudou a indústria toda do entretenimento, melhorou tudo nesse sentido. A geração dos anos 1980 do rock, Os Paralamas, Titãs, Ira, bandeirantes, precursores que abriram essa trilha toda. E hoje nós estamos aí usufruindo disso, da melhor forma possível. É uma novidade pra gente, tem sido uma novidade para o público também. Encerraremos a turnê no Circo Voador, nos dias 16, 17 e 18 de dezembro. Vamos ter completado pouco mais de um ano em turnê.

O que mudou nas questões logísticas, estruturais, nos bastidores?

Certas coisas, dependendo dos lugares, continuam as mesmas. A acússtica, por exemplo, é um problema frequente. As linhas aéreas também, o transporte de equipamentos... Mas o Brasil cresceu, tem muita gente viajando, algumas coisas têm melhor estrutura. Temos conseguido ir bem longe, e temos mais condições de chegar lá. Isso é muito importante frisar.

Apesar dessas melhoras, há uma nova crise política em cena. Como avalia a atualidade das letras no cenário atual?
É... Estão fazendo a maior besteira de novo. Continuamos cantando os mesmos problemas, e eles continuam atuais. Mas isso, vindo do nosso espetáculo, vem com uma força diferente, tremenda, vem com uma honestidade, uma experiência. Hoje nós percebemos melhor a força dessas canções, dessas mensagens. Estamos mais maduros, mais confiantes, no sentido de conseguir compreender melhor o que está acontecendo. Acho superválido poder cantar essas canções para o público. Estamos prestando um serviço, a arte é isso. Rock com arte. Lá no passado, nós queriamos Diretas Já, depois veio toda uma questão de crises econômicas, sociais, culturais. Hoje voltamos a algo parecido.

Como avalia a crise atual?

É gravíssima. E o Rio de Janeiro sai na frente, elegendo um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Veja só... O Rio esta à frente da evangelização do país. Algo pergosíssimo. De quando começamos a turnê atual para cá, tivemos um impeachment, a crise só se agrava mais e mais. As instituições estão sendo questionadas, a crise econômica batendo à nossa porta. Espero que as coisas possam voltar ao normal quando concluirmos a turnê. Quem sabe? O Brasil é isso, é esse abismo que nunca chega. Você pensa que já chegou ao fundo, mas vê que ainda pode piorar um pouco mais.

E após a turnê, quais os planos?
Estou trabalhando num disco autoral, meu. Bonfá também está trabalhando num disco dele. Estamos lançando alguns artistas pela Rocket, há muitas coisas acontecendo em paralelo. Precisamos também tirar uma folga... um ano de turnê é cansativo, não estamos mais acostumados com isso. (risos)

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