Entre o soul, o R&B e o rap, Negra Li acha o próprio tom. Aos 39 anos de idade, a artista paulistana transita entre esses ritmos para dar forma a uma carreira que completa 20 anos em 2017. Encaixar-se em um gênero musical, para ela, não é necessidade nem obrigação: os trabalhos enveredam também por outros ritmos, como o reggae, mas é como pop que classifica essa mistura. "Não me prendo a nenhum tipo musical e alcanço mais gente. Sempre gostei de fazer de tudo", conta, em entrevista ao Viver.
Confira o roteiro de shows no Divirta-se
Nesta sexta-feira (11), às 20h, a cantora apresenta a combinação de sons no palco do festival Somos Soul, na Caixa Cultural (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife). Na quinta (10), no mesmo horário, a estreia é com a cantora Lady Zu (apontada certa vez por Chacrinha como a "Donna Summer brasileira") e participação de Gerson King Combo. No sábado, às 17h e 20h, Wilson Simoninha encerra a homenagem à soul music com hits como What's going on, de Mavin Gaye, e Olhos coloridos, de Sandra de Sá. O projeto, que já rodou por outras cidades do país, enaltece o ritmo calmo em que a voz - geralmente, de timbre grave - é destaque.
Para o show na capital pernambucana, Negra Li preparou repertório com sucessos como Você vai estar na minha, Volta pra casa, Hoje eu só quero ser feliz e Tudo de novo, que serão tocados na companhia de Walter Senciani (DJ) e Marcia Cardoso (vocal). O próximo álbum da cantora, previsto para o primeiro semestre de 2017, ainda está em fase de produção. Até o Carnaval, algumas faixas vão ser liberadas. "O novo disco vem como uma comemoração pelas minhas duas décadas de carreira. Vai ter muita música autoral, eu mesma indo mais fundo na vida e no mundo", descreve Negra Li, cujo último álbum de inéditas é de 2012.
Com experiências também como atriz, a artista deixou para trás o nome de batismo, Liliane de Carvalho, para assumir como nome artístico um apelido que tem a ver com a identidade. Seu trabalho, no entanto, não é pautado por ativismo - como faz, por exemplo, músicos da chamada geração tombamento. "Sempre me preocupei muito com polêmicas [na carreira] e procuro ficar longe desse tipo de coisa. Não é que não goste, mas acredito que precisa ser muito inteligente para falar sobre isso e, se não domino um assunto, fico calada", aponta.
DUAS PERGUNTAS PARA NEGRA LI
Como foi lidar com o preconceito na música por ser mulher e negra? Como você trata disso hoje em dia?
Hoje eu ignoro, mas já tive três fases: primeiro, chorava. Na segunda, era adolescente, a época da rebeldia, então ia lá e brigava, compunha rap falando sobre o assunto, ficava brava e fechava a cara. Hoje, tenho uma filha, sou muito mais calma e percebi que isso não vai tirar minha felicidade. No Facebook, apago os comentários [ofensivos], por mim ninguém lia aquilo. São apenas arruaceiros, só querem "causar". Não dou bola. Nunca vai mudar, o mundo é assim e os seres humanos são assim em relação ao preconceito.
Como vê essa nova leva de artistas da geração tombamento, que não hesitam em levantar bandeiras?
Acho maravilhoso. Tem que haver as pessoas que fazem isso, mas respeito as que não se pronunciam. Sou evangélica, fui criada em uma doutrina de mansidão. Minha mãe sempre foi muito quieta, de entregar tudo nas mãos de Deus, orar antes de falar. Depois de um episódio de racismo nas redes sociais, recebi solicitações de diversos jornais para falar sobre isso. Eu uso minhas letras, o palco, a música... Uso lugares em que me sinto à vontade para poder desabafar.
Serviço
Somos Soul
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife) Quando: hoje, às 20h (Lady Zu), amanhã, às 20h (Negra Li) e sábado, às 17h e 20h (Wilson Simoninha)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia) Informações: 3425-1915
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