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Música Coquetel Molotov dá vitrine às principais bandeiras da música independente Atrações como Tagore, Karol Conka, Barro, Jaloo e a norteamericana Deerhoof se reúnem na Coudelaria Souza Leão, na Várzea, no sábado (22)

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 21/10/2016 19:08 Atualizado em: 21/10/2016 12:24

Tagore, Karol Conka, Jaloo e Deerhoof estão entre os destaques da programação deste ano do Coquetel Molotov. Fotos: Divulgação
Tagore, Karol Conka, Jaloo e Deerhoof estão entre os destaques da programação deste ano do Coquetel Molotov. Fotos: Divulgação


Não é a novos instrumentos que John Dieterich, guitarrista da banda norte-americana Deerhoof, destaque entre as atrações internacionais do Festival No Ar Coquetel Molotov, credita a sonoridade inventiva da música independente atual. “Às vezes, conseguimos coisas novas, e é claro que nós as utilizamos. Mas quando o som parece novo, ele se deve sobretudo a novos pontos de vista, novas ideias, novos sonhos”, explica.

Confira o roteiro de shows do Divirta-se

Preciosismo estético, discursos ideológicos sobre o palco e letras politicamente engajadas são pontos comuns ao segmento. No sábado (22), nomes da música independente nacional, como o pernambucano Barro, o paraense Jaloo, a curitibana Karol Conka, a paulistana Céu e os baianos da BaianaSystem se reúnem na Coudelaria Souza Leão, na Várzea.

Entre os destaques da programação, o lançamento de discos inéditos no estado reforça as bandeiras da música independente, do pernambucano Tagore - que apresenta o psicodélico Pineal, cujo lançamento por streaming ocorre amanhã - ao Deerhoof, que traz ao festival o recém-lançado The magic. É hora de dar vitrine aos experimentalismos e às inovações sonoras.

“Esse tipo de festival dá espaço a uma produção cheia de desafios. É preciso ter foco, planejamento, disciplina, apresentar cada vez mais materiais, em diferentes plataformas, e fazer tudo bem feito. Independência não é amadorismo”, analisa Jaloo. As atrações serão distribuídas entre dois palcos principais, Sonic e Velvet, enquanto o Som na Rural recebe convidados e o Palco Aeso, bandas iniciantes da cena local.

Os ingressos custam R$ 80 (entrada inteira), R$ 40 (meia entrada) e R$ 65 + 1 Kg de alimento não-perecível (social), à venda no site da Sympla e no Barchef Mercado Gourmet (Casa Forte e RioMar). Os portões da Coudelaria abrirão às 13h.

>> BANDEIRAS DA INDEPENDÊNCIA

Preciosismo estético

Do figurino usado sobre o palco aos elementos cênicos adotados nos videoclipes, o preciosismo estético é ponto marcante na música independente nacional. O comprimento da barba, a cor dos cabelos, o estilo das roupas são detalhes fundamentais à construção do personagem em cena ou mesmo à propagação das ideias que pretende transmitir. “Na música independente, não existe a cultura do close, de ser celebridade. Não funciona assim. Mando costurar minhas roupas, eu mesmo faço minha maquiagem”, explica o paraense Jaloo, expoente do sci-fi brega, cuja fama nasceu de covers protagonizados por ele e postados na internet. Jaloo se apresenta no palco Sonic, às 21h10, com seu disco de estreia, #1.

Ideologia

Músicos e selos independentes têm por característica lançar mão de valores pessoais e propagar correntes de pensamento das quais compartilham. Opiniões políticas e protestos contra mazelas sociais, como pobreza, machismo e preconceito racial, vêm à tona no palco. Ícone da geração tombamento, que valoriza a estética negra e as letras com mensagem política, a rapper curitibana Karol Conka deixa claras suas ideologias durante shows. Deve cantar o recém-lançado 100% feminista, parceria com MC Carol, além de hits como Tombei e É o poder. Ela se apresenta à 0h10, no Palco Velvet.

Experimentalismo

Sonoridade sem referências claras a bandas pregressas e arranjos inventivos são marcas da produção independente. Obtidos através da combinação ou adaptação de instrumentos convencionais, produzem efeitos pouco convencionais. De Salvador, a BaianaSystem é conhecida por ressignificar nos últimos anos a música urbana da Bahia, trabalhando a partir de influências do samba-rock, frevo, groove, ijexá, cumbia. “Arte sonora, visual e reflexiva. Arte mutante, com disposição de arriscar, pra ver aonde vai dar”, definiu o músico BNegão, homenageado pelo grupo no disco Duas cidades, lançado em abril, e parceiro da banda. BaianaSystem sobe ao palco Velvet à 1h40 da madrugada.

Autonomia

A música independente atual é facilitada pela difusão virtual dos lançamentos e pela viabilização de discos através de financiamento colaborativo. Grande parte dos grupos, geralmente formados entre amigos na informalidade, realizam turnês independentes e se valem de estúdios caseiros para a gravação dos primeiros EPs. “Começamos compondo em casa, éramos amigos. Nos inscrevemos em festivais, competições. Fomos selecionados para o Converse Rubber Tracks em 2014, e aquilo abriu nossas cabeças, nos profissionalizou”, conta a recifense Kira Aderne, vocalista da Diablo Angel, que integra a programação do palco Aeso, promovido pelas Faculdades Integradas Barros Melo.

>> PRÉVIA

O Barchef Mercado Gourmet (R. Marquês de Tamandaré, 59 - Poço da Panela), em Casa Forte, Zona Norte da cidade, recebe nesta sexta-feira (21) a última prévia do festival. A partir das 23h, com o tema Noite de trabalho sujo, os DJs Alexandre Matias e Ggabriel comandam a festa, com entrada gratuita.

>> PROGRAMAÇÃO


PALCO SONIC:
15h30 Luneta Mágica (AM); 16h40 AMP (PE); 17h40 Los Nastys (Espanha); 18h50 Rakta (SP); 20h00 Barro (PE) com part. especial de Juçara Marçal (SP); 21h10 Jaloo (PA); 22h10 Vogue Fever: Recife (Duelo de Vogue); 23h10 Ventre (RJ); 00h20 Deerhoof (EUA); 01h40 Museu do Tubarão (PE); 03h00 Plectro Arts apresenta: Phalanx Formation (PE) - Live show & Dj set

PALCO VELVET:
17h00 Tagore (PE); 18h10 Baleia (RJ); 19h20 Moodoid (França); 20h40 Boogarins (GO); 22h50 Céu (SP); 00h10 Karol Conka (PR); 01h40 Baianasystem (BA)

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